Incêndios: bombeiros dizem que relatório «escamoteia» realidade - TVI

Incêndios: bombeiros dizem que relatório «escamoteia» realidade

Incêndio em Tavira (Lusa)

Para o presidente da Liga, o relatório «tem vulgaridades que não são admissíveis»

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A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) disse esta quarta-feira que o relatório da Autoridade Nacional de Proteção Civil sobre os incêndios no Algarve «escamoteia» a realidade, lamentando a falta de seriedade e responsabilidade na sua elaboração.

«Este relatório de alguma forma escamoteia tudo aquilo que se passou, o que é mau. Se fosse feito com toda a seriedade que se exige, ele poderia ser também um instrumento de pedagogia futura», disse à agência Lusa o presidente da LBP, Jaime Marta Soares, reagindo ao relatório da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) sobre o incêndio que lavrou nos concelhos de Tavira e São Brás de Alportel, em julho.

No relatório, pedido pelo ministro da Administração Interna após o incêndio que consumiu cerca de 21 mil hectares de floresta, a ANPC reconhece que houve «debilidade na coordenação ou no comando» e refere «a insuficiência da rede viária», que atrasou em três horas a chegada de meios a local.

Para Jaime Soares, o relatório «tem vulgaridades, que não são admissíveis» e tentou «escamotear» a realidade ao fazer «crer que as coisas correram dentro de alguma normalidade, quando assim não foi».

O presidente da LBP adiantou igualmente que o documento elaborado pela ANPC apenas se limita a fazer uma análise cronológica da intervenção, lamentando que se resuma a relacionar os atrasos da intervenção no terreno com a falta de vias de comunicação, quando é uma situação com que os bombeiros se deparam quase todos os dias.

«O relatório da ANPC é um relatório à dimensão do sentido de responsabilidade que as pessoas que o elaboraram assumiram. Essa responsabilidade raia os limites da irresponsabilidade», disse ainda.

Depois de ter recebido o relatório da ANPC, na passada sexta-feira, o ministro determinou uma avaliação ao incêndio no Algarve a uma entidade independente, avaliação que deve estar concluída até ao final de setembro.

Entretanto, a Liga dos Bombeiros Portugueses fez também um relatório sobre o fogo que lavrou na Serra do Caldeirão, que concluiu ter havido «falhas graves na estratégia e coordenação», além de considerar que se verificou «um total descontrolo» nas primeiras 34 horas do fogo.
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