Maddie, um olhar britânico - TVI

Maddie, um olhar britânico

Investigação britânica ainda não olhou para as «pontas soltas» deixadas pela investigação portuguesa

O desaparecimento de Maddie foi sempre visto por dois ângulos. O programa britânico «Crimewatch» veio reforçar o olhar britânico sobre o desaparecimento de Madeleine. A Scotland Yard volta a colocar no centro da investigação a teoria de rapto. Mas do desaparecimento de Maddie há muitas outras informações que continuam a apontar noutras direções. Todas elas ficaram fora do recente programa da BBC e, alegadamente, da investigação.

O inspector-chefe Andy Redwood declara no programa que olharam para o processo «a partir do zero». O material que está a ser analisado é o recolhido pela polícia portuguesa e pela polícia britânica no início da investigação, quando ambas as polícias trabalharam em conjunto.

A principal conclusão da investigação britânica, até ao momento, centra-se na eliminação do retrato robô construído com base no testemunho de Jane Tanner, uma das amigas do casal presente no jantar. A britânica avistou um homem a transportar uma criança, mas a polícia inglesa veio revelar que este «suspeito» era afinal um pai que tinha ido buscar a filha à creche.

Segundo os ingleses, a descoberta permite alterar a «timeline» dos acontecimentos e colocar a hora do desaparecimento perto das 22:00 (hora do alerta de Kate). Segundo os investigadores, esta tinha sido até agora a principal linha de investigação. Mas não pela polícia portuguesa, que cedo encontrou inconsistências na tese de rapto. Recorde-se que o retrato robô foi divulgado pelos McCann, em outubro de 2007, quando os pais de Maddie eram ainda arguidos. Para os britânicos, a nova descoberta abre uma janela na investigação entre o período das 21:15 e as 22:00.

Na reconstituição da BBC, algo que a PJ nunca conseguiu fazer em Portugal, devido aos entraves colocados pelo grupo, há pormenores que são omitidos, nomeadamente o facto de Gerry e Jeremy estarem, segundo os depoimentos iniciais, a conversar junto à janela traseira do apartamento no momento em que Jane Tanner passa. Na reconstituição, esta informação não é mencionada e fica apenas uma breve referência à conversa do pai de Maddie.

Um pormenor que faz parte de uma das linhas de investigação que sustentava que Madeleine, ao ouvir a voz do pai na rua, se teria debruçado junto à janela e caído do sofá, batendo com a cabeça. No local, foi encontrado um vestígio de sangue, que nunca foi comprovado como sendo de Maddie, pelos cães britânicos. Esta é, aliás, toda uma parte da investigação que não consta do documentário da BBC.

A tese de rapto centra-se agora no avistamento que existiu pelas 22:00 e do qual a polícia revelou um novo retrato robô. Os desenhos foram na realidade elaborados em 2008, segundo os britânicos confirmaram ao jornal i, e são baseados no testemunho da família Smith que sempre disse ter 80% de certeza de que o homem que carregava uma criança era, na realidade, Gerry McCann.

A PJ acabou por descartar a possibilidade de ser Gerry, uma vez que àquela hora alguns testemunhos alegavam que o pai de Maddie estava no Tapas Bar. No entanto, no relatório final, a PJ ressalva que ficaram dúvidas dadas as contradições nos depoimentos do grupo. A polícia inglesa recuperou os testemunhos da família Smith e os retratos feitos para tentar descobrir quem era o homem que carregava uma criança às 22:00.

O relatório final que levou ao arquivamento do processo e à inocência dos McCann deixa algumas pontas soltas na investigação. As contas de Gerry que nunca puderam ser investigadas, os telemóveis que nunca puderam ser escutados, as chamadas e mensagens apagadas e as contradições nos depoimentos de Gerry e Kate. Elementos que a polícia britânica, apesar de ter começado a investigação «do zero», não estará a seguir.
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