Meco: inquérito muda de mãos e fica em segredo - TVI

Meco: inquérito muda de mãos e fica em segredo

Pais terão dado ultimato ao conselho de praxe da Lusófona para que expliquem o que aconteceu na noite de 15 de dezembro

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A Procuradoria-geral da República determinou a aplicação do segredo de justiça ao misterioso incidente do Meco. As circunstâncias da tragédia são ainda pouco claras e João Miguel Gouveia, o único sobrevivente, mantém-se em silêncio, alegando amnésia seletiva. Os pais dos jovens que perderam a vida já pediram explicações ao conselho de praxe e querem saber se na noite dos afogamentos os filhos estavam no mar a cumprir uma praxe.

Segundo uma nota da Procuradoria-Geral da República, enviada esta terça-feira às redações, o procurador coordenador do Círculo de Almada chamou a si o inquérito relativo à morte de seis jovens na praia do Meco, processo que está agora em segredo de justiça.

«O inquérito continua a pertencer à comarca de Sesimbra, onde estava entregue ao procurador-adjunto daquele tribunal, mas foi agora avocado pelo senhor procurador da República coordenador do círculo de Almada», explicou fonte da PGR.

Este procurador, acrescenta a fonte, irá efetuar «todas as diligências adequadas ao esclarecimento das circunstâncias em que ocorreram as mortes», revela a PGR, que admite ainda «recorrer aos órgãos de polícia criminal que, pela sua específica capacitação e nos termos da Lei Orgânica da Investigação Criminal, estejam melhor apetrechados para coadjuvar o Ministério Público nessa tarefa».

Recorde-se que o Ministério Público tinha incumbido à Polícia Marítima a audição do sobrevivente, no entanto, ainda não foi possível. A nova audição poderá acabar por ser efetuada pela Polícia Judiciária, caso, assim o entenda, o procurador de Almada.

Também esta terça-feira, os pais dos seis jovens contactaram o Conselho Oficial da Praxe Académica (COPA) da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em Lisboa, e deram aos seus membros até quinta-feira para dizerem o que se passou, noticia o jornal Público. O jornal cita Fátima Negrão, mãe de uma das vítimas, Pedro Negrão, que admite vir a usar todos os meios para obter respostas.

Segundo o jornal, Fátima Negrão sublinha que os jovens foram passar o fim-de-semana de livre-vontade, mas uma das grandes dúvidas é se estavam ou não no mar e se isso constaria de uma praxe a que estariam a ser sujeitos.

As dúvidas são muitas, as respostas, muito poucas. João Miguel Gouveia pode mesmo não ser o único sobrevivente da praia do Meco. No dia 15 de dezembro, estaria acompanhado de um ex-dux da comissão de praxe da universidade. A denúncia parte de um familiar das vítimas e é confirmada por alunos da universidade.

João Miguel Gouveia continua em silêncio tal como a Comissão de Praxe da Universidade Lusófona que terá destituído o jovem do cargo de responsável máximo pelas praxes. As funções estarão agora a cargo de Fábio Jerónimo, que a TVI tentou contactar, através de uma mensagem pelo Facebook, mas não recebeu qualquer resposta.
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