«Ministério da Educação é uma delegação do ministério das Finanças» - TVI

«Ministério da Educação é uma delegação do ministério das Finanças»

Milhares de professores fizeram protesto em Lisboa contra medidas do Governo

Relacionados
Milhares de professores desfilaram neste sábado da Praça do Marquês de Pombal para os Restauradores, em Lisboa, numa marcha de protesto contra a medidas do Governo. Na primeira linha do protesto estiveram os responsáveis dos dois maiores sindicatos de professores, Mário Nogueira, da Fenprof, e João Dias da Silva, da FNE.

Mário Nogueira teve a seu cargo o discurso de encerramento da manifestação e não poupou nas críticas ao ministério de Nuno Crato acusando-o de fazer o que determina o ministério das Finanças.

«Quem está em falta com as escolas não são os professores, mas o ministério porque nós não temos ministério da Educação em Portugal. Nós temos uma delegação do ministério das Finanças», disse o líder da Fenprof.

Professores de todo o país - cerca de 50 mil, de acordo com os sindicatos - untaram-se neste protesto contra aumento do horário de trabalho e mobilidade especial com faixas onde pode ler-se, por exemplo, «Nós também temos filhos» em outra está escrito «Lutamos pelo futuro dos nosso filhos e alunos», havendo bandeiras pretas com as palavras «Professores em luta».

Na manifestação, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, acusou o Governo de pôr em risco a realização dos exames nacionais do ensino secundário e garantiu que os professores vão continuar em luta contra as políticas do executivo para o setor.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, também presente na manifestação, acusou o Executivo de exercer «pressões intimidatórias» sobre os professores ao ter convocado todos os docentes para as escolas na segunda-feira, dia de greve e de exames nacionais.

Arménio Carlos espera que «a mola humana» de professores que estão a manifestar-se em Lisboa se prolongue até à greve de segunda-feira e à greve geral de dia 27.

João Semedo foi o líder partidário presente acusando o Governo de tentar «fazer reverter contra os professores a instabilidade que tem criado».

«A data desta greve que tanta polémica tem gerado é da responsabilidade do Governo não é da responsabilidade dos sindicatos. Quem escolheu o momento de decidir medidas tão graves para a escola pública foi o Governo, que decidiu e aprovou essas medidas na época dos exames. A greve inevitavelmente teria de ser feita neste período», afirmou o coordenador do Bloco de Esquerda.

O PCP considerou que o país tem assistido «à campanha mais agressiva» contra os professores após o 25 de Abril de 1974 e que a dimensão da manifestação revela que «o Governo tem de ser afastado».

«A leitura política que o Governo pode retirar desta manifestação e particularmente da semana de greves às avaliações, em que praticamente não houve reuniões de avaliação, é a de que o Governo é que está mal e faz parte do problema», afirmou o dirigente comunista Jorge Pires.

A aplicação do regime de mobilidade especial aos professores, as distâncias a que podem ficar colocados e o aumento do horário de trabalho das 35 para as 40 horas semanais são os principais pontos que opõem os docentes ao Governo.

[última atualização às 20:26]
Continue a ler esta notícia

Relacionados