“Luanda Leaks”: Ana Gomes diz que em Portugal “nunca há responsáveis" - TVI

“Luanda Leaks”: Ana Gomes diz que em Portugal “nunca há responsáveis"

  • AG
  • 20 jan 2020, 21:10

Atuação das instituições reguladoras portuguesas foi alvo de análise da antiga eurodeputada

A antiga eurodeputada Ana Gomes esteve no Jornal das 8 da TVI, onde comentou o caso “Luanda Leaks”, que divulgou mais de 700 mil ficheiros relacionados com as empresas de Isabel dos Santos.

A ação dos reguladores portugueses esteve no centro da análise da convidada, que referiu que os “reguladores não regularam”, acrescentando que existem "instituições que não estão a funcionar", nomeadamente nas áreas da supervisão economico-financeira.

As autoridades só não conheciam porque não queriam conhecer”, afirmou.

Entre as instituições que mereceram a crítica de Ana Gomes está o Banco de Portugal. Uma das razões terá sido a tentativa de não provocar um foco de tensão nas relações dos dois países.

Se eu estivesse no lugar do senhor governador do Banco de Portugal já me tinha demitido”, vincou.

Para Ana Gomes, vários governos portugueses, desde Durão Barroso, pactuaram com uma “cleptocracia” vigente em Angola.

Somos cúmplices desse saque organizado de recursos que deviam ser canalizados para o povo angolano”, referiu.

Relativamente a um eventual envolvimento do hacker Rui Pinto no caso, a embaixadora afirmou que não tem conhecimento de como os ficheiros foram obtidos.

Um consórcio de jornalismo de investigação revelou no domingo mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de "Luanda Leaks", depois de analisar, ao longo de vários meses, 356 gigabytes de dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e 2018, que ajudam a reconstruir o caminho que levou a filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos a tornar-se a mulher mais rica de África.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) identificou mais de 400 empresas (e respetivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.

As informações recolhidas detalham, por exemplo, um esquema de ocultação montado por Isabel dos Santos na petrolífera estatal angolana Sonangol, que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para o Dubai.

Revelam ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.

Os dados divulgados indicam quatro portugueses alegadamente envolvidos diretamente nos esquemas financeiros: Paula Oliveira (administradora não-executiva da Nos e diretora de uma empresa offshore no Dubai), Mário Leite da Silva (CEO da Fidequity, empresa com sede em Lisboa detida por Isabel dos Santos e o seu marido), o advogado Jorge Brito Pereira e Sarju Raikundalia (administrador financeiro da Sonangol).

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