A defesa de Isaltino Morais enviou uma reclamação para a conferência do Supremo Tribunal de Justiça a insistir na existência de contradições da Relação sobre o trânsito em julgado.
«Em dezembro do ano passado, o Tribunal da Relação diz que o processo não transita em julgado. Depois, em setembro deste ano, vem dizer que afinal há trânsito condenatório. Ora, isto não faz sentido», disse à Lusa, nesta quarta-feira, fonte ligada ao processo.
Depois de o juiz conselheiro Souto Moura, do Supremo Tribunal de Justiça, ter rejeitado o recurso interposto pelo presidente da Câmara de Oeiras, a defesa do autarca insiste na existência de contradições nos despachos do Tribunal da Relação e, por isso, intentou no dia 14 uma reclamação para a conferência do Supremo.
Se esta ação for também rejeitada, a defesa prometem reclamar até à última instância.
O Ministério Público (MP) defendeu na semana passada que a condenação de Isaltino Morais a dois anos de prisão efetiva já transitou em julgado e que as decisões da Relação de Lisboa e do STJ já deveriam ter sido executadas.
Na altura, no site da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, o MP reiterava que o acórdão da Relação de Lisboa de 13 de julho de 2010 - condenação a dois anos de prisão e pagamento de 463 mil euros de indemnização civil - está há muito transitado em julgado.
Segundo o MP, por despacho judicial de 20 de setembro de 2012, também da Relação, se considerou haver trânsito condenatório com data de 19 de setembro de 2011.
Entretanto, a defesa de Isaltino Morais intentou uma ação judicial no Tribunal Administrativo e Tributário de Sintra para apurar se de facto houve crime de fraude fiscal, pelo qual foi condenado, depois de receber uma certidão comprovativa de que o autarca «nada deve ao fisco».
Isaltino Morais foi condenado em 2009 a sete anos de prisão e à perda de mandato autárquico por fraude fiscal, abuso de poder e corrupção passiva para ato ilícito e branqueamento de capitais.
Em cúmulo jurídico, pelos três crimes de fraude fiscal e um de branqueamento de capitais, a Relação decidiu condenar Isaltino Morais a uma pena de dois anos de prisão.
Agora, segundo a defesa, os novos argumentos invalidam a condenação do presidente da Câmara de Oeiras pelos crimes de fraude fiscal e afirma que «ninguém pode ser condenado por alegada fraude fiscal sem previamente os serviços competentes apurarem da existência dos alegados valores em dívida».
Defesa de Isaltino Morais alega contradições em reclamação ao Supremo
- Redação
- CM
- 24 out 2012, 14:51
Em causa despachos diferentes do Tribunal da Relação sobre o trânsito em julgado da condenação a dois anos de prisão do autarca
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