Covid-19: a saga de um português para sair da Arábia Saudita - TVI

Covid-19: a saga de um português para sair da Arábia Saudita

Avião

António Silva, trabalhador na área dos media, viu o seu regresso a Portugal ameaçado, depois do país ter parado devido à pandemia do novo coronavírus

Aterrou em Riade, a capital e a maior cidade da Arábia Saudita, no dia 15 de fevereiro para o que seria uma pequena temporada de trabalho no país, dois meses ao certo, mas o que se esperava ser normal, não o foi.

Em Lisboa, e a mais de 5 mil quilómetros de casa, ficou a família: a mulher e uma filha, que contavam apenas com mais uma estada fora de Portugal.

Já “habituados” a este estilo de vida, António Silva, 45 anos, via o seu trabalho decorrer dentro da normalidade, quando tudo mudou: “a partir do dia 16 de março o campeonato parou e o país também parou (…) e desde essa altura, até ao regresso a Portugal, ninguém da equipa voltou a trabalhar”, contou em entrevista à TVI24.

Pensaram tratar-se de uma situação temporária, mas rapidamente se percebeu que as coisas estavam para durar e a complicar-se a olhos vistos.

“Foi no final de março. Nessa altura também nos informaram que não pagariam o caché acordado a partir do último dia de trabalho e que não havia previsão para retomar o mesmo”, sublinhou o português.

Longe de casa, e num mundo a ser ensombrado por uma pandemia nunca vivida nos tempos modernos e com um único objetivo em mente, António começou a agilizar o processo de regresso, o que não se revelou uma tarefa fácil.

“Não estava na minha casa, não tinha a minha família e havia recolher obrigatório. Nas duas primeiras semanas só podia sair entre as 06:00 e as 15:00. Depois, apenas se podia sair para ir às compras e com declaração da empresa”, recordou o que era a sua realidade na altura.

“Sair dali era o que todos queríamos”

Conta o português que, “com o aeroporto de Riade fechado desde o dia 16 de março, só foi possível regressar com a ajuda da Embaixada de Portugal naquela cidade e do Ministério dos Negócios Estrangeiros”.

Sem trabalhar e sem receber, António realça que foi a equipa de portugueses no país que agilizou o processo “através de mails e vários telefonemas”.

Acabaram por conseguir passagens de regresso, mas “foram pagas do nosso bolso, ainda que com a garantia da empresa (da Arábia saudita para a qual trabalhava) que irá suportar os custos”.

A incerteza do regresso viu um ponto final quando aterrou em Lisboa no dia 15 de abril, às 23:30, depois de uma longa viagem, com escala em Londres.

Neste momento - e por precaução - António Silva vai ficar 14 dias em isolamento e as saudades “que se matam através das chamadas de vídeo” em breve deixarão de fazer parte do dia a dia

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