Testemunha do Rei Ghob «embrulhou-se» em tribunal

A testemunha de defesa de Rei Ghob conhecida por «João da rulote» desmentiu no Tribunal de Torres Vedras qualquer envolvimento no desaparecimento de Ivo Delgado, uma das alegadas quatro vítimas do arguido.

«Nunca fui a uma cabana» junto ao cemitério de Caldas da Rainha, disse João Jacinto, afirmando que nessa altura o carro com que outra testemunha o terá visto no local, em Junho de 2008, «estava avariado» pelo menos desde Março desse ano.

O homem desmentiu assim a eventual cumplicidade com o arguido no homicídio da vítima.

Na semana passada, Mara Pires, testemunha-chave no processo, relatou que depois de Francisco Leitão ter agredido Ivo Delgado com uma «barra de ferro» até o deixar inanimado e com sangue, perto da Foz do Arelho, transportou o corpo até junto ao cemitério de Caldas da Rainha, onde estava à espera «João da rulote», ao pé do seu carro, para auxiliar o arguido a desaparecer com o jovem.

O discurso contraditório e ilógico e a falta de recordações sobre os acontecimentos por parte da testemunha João Jacinto levaram Maria Domingas, presidente do colectivo de juízes, a fazer-lhe várias advertências, tais como «o senhor já se está a embrulhar», «isso não faz sentido», «isso é tudo irreal» ou «nessa resposta a bota não bate com a perdigota».

«Se Francisco Leitão lhe dissesse para bater com a cabeça na parede você batia?», chegou a juíza a questionar João Jacinto, que conhece desde 2005 o arguido, sendo seu amigo e frequentador da casa-castelo, onde chegou a residir durante dois meses em 2008.

A testemunha desmentiu também ter raptado e violado Mara Pires, segundo denunciou a própria em tribunal, no âmbito de um outro inquérito, que está a decorrer no Tribunal da Lourinhã.

O julgamento prossegue esta tarde com a audição de sete testemunhas, entre as quais Dina Leitão (irmã do arguido) e três inspectores da PJ.