Liga dos Bombeiros desafia Proteção Civil a revelar casos "menos transparentes" - TVI

Liga dos Bombeiros desafia Proteção Civil a revelar casos "menos transparentes"

  • AR
  • 12 dez 2017, 23:22
Jaime Marta Soares, presidente da Liga dos Bombeiros

Jaime Marta Soares sublinha que emoção não se pode sobrepor à razão na tomada de decisões e insta Mourato Nunes a dizer em que se baseou para aumentar as fiscalizações aos bombeiros voluntários

O presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, desafiou esta terça-feira o presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) a divulgar casos “menos transparentes” que conheça, lamentando “decisões baseadas na emoção”.

Se o presidente da ANPC disse isto, é porque tem conhecimento de algumas situações que não são transparentes ou são menos claras”, disse à Jaime Marta Soares à agência Lusa, explicando que a emoção não se pode sobrepor à razão na tomada de decisões.

O presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), general Mourato Nunes, anunciou esta terça-feira, no Parlamento, um reforço das ações de auditoria e de fiscalização aos corpos e associações de bombeiros voluntários.

Na persecução de um objetivo de rigor, transparência e isenção que deve pautar a atuação da ANPC, em particular na vertente da concessão de apoios aos corpos de bombeiros e associações humanitárias de bombeiros, será reforçado o número de ações inspetivas às referidas entidades e constantemente promovidas ações de auditoria interna”, disse Mourato Nunes.

Marta Soares desafiou o presidente da ANPC a divulgar casos que conheça e nos quais baseou a sua decisão de aumentar as fiscalizações aos bombeiros voluntários.

Desafio já o presidente a dizer em que fundamenta e se baseia. Se o faz é porque tem a certeza que há necessidade de o fazer. Quero que dê a conhecer os casos que conhece e que sabe que estão envolvidos em ilícitos, para que nós próprios reforcemos toda a nossa intervenção de clarificar e pormos fim a esta situação”, salientou.

O presidente da LBP salientou que caso não o faça, as suas palavras “são especulativas e querem dar respostas ao imaginário”, não se baseando em factos concretos e objetivos.

Gabinetes Técnicos Intermunicipais no terreno 

Também esta terça-feira, o p presidente da Liga de Bombeiros Portugueses elogiou a criação de Gabinetes Técnicos Intermunicipais, considerando que é essencial que a medida seja agora colocada no terreno.

Uma estratégia que leva ao aumento de escala e a trabalhar em rede é uma boa iniciativa e merece todo o nosso apoio”, disse em declarações à Lusa, após o secretário de Estado das Florestas, Miguel Freitas, ter afirmado à agência que vão ser criados Gabinetes Técnicos Intermunicipais em cada uma das Comunidades Intermunicipais, anunciando ainda uma aposta na rede primária de defesa das florestas.

A criação de brigadas de sapadores florestais para a manutenção da rede primária e para a estabilização de casos de emergência é também um tema que está a ser discutido entre o Governo e as Comunidades Intermunicipais.

Jaime Marta Soares referiu à Lusa que as brigadas são uma resposta exigida há muito tempo.

Dá resposta ao que os bombeiros andam a pedir há 50 anos. Não é nenhuma inovação e não se descobriu a pólvora, agora espero é que não se fique pela teoria. É importante que se ponha em prática e teriam evitado todas estas catástrofes”, salientou.

Sobre o facto de o segundo comandante distrital de Operações de Socorro de Leiria, Mário Cerol, e o comandante dos bombeiros de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, terem sido constituídos arguidos na sequência de um inquérito ao incêndio de Pedrógão Grande, Marta Soares pediu “serenidade”.

“Não ponho em causa os direitos da Justiça para analisar tudo o que se passou, não admito é declarações persecutórias, porque ainda estamos numa fase de indícios, não há nenhuma acusação. Espero que não haja precipitações, é preciso serenidade e respeito por todos”, disse.

O presidente da LBP defendeu que o trabalho dos bombeiros “evitou muitas mais centenas” de mortes, lamentando as mortes causadas pelos incêndios que afetaram o país.

“Acredito que na justiça. Não é nenhuma desonra ser constituído arguido, mas não se pode ser condenado na praça pública. Não se esqueçam dos bombeiros que morreram também nos últimos 20 anos”, salientou.

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