Leonor Cipriano quer Gonçalo Amaral preso - TVI

Leonor Cipriano quer Gonçalo Amaral preso

Leonor Cipriano

Mãe de Joana recorre da sentença e pede condenação e prisão efectiva para os quatro inspectores da PJ absolvidos, em Maio, do crime de tortura

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Leonor Cipriano, mãe de Joana, a menina desaparecida da Figueira em 2004, recorreu da sentença de Gonçalo Amaral e de outros três ex-inspectores da PJ, no caso das agressões de que terá sido alvo durante os interrogatórios em Faro.

O recurso, que foi interposto esta quinta-feira na Relação de Évora, pede a condenação e prisão efectiva para os arguidos que foram absolvidos pelo Tribunal de Faro, disse ao tvi24.pt o advogado de Leonor Cipriano, Marcos Aragão Correia.

De acordo com o documento disponibilizado por Aragão Correia ao tvi24.pt, Leonor Cipriano apresenta recurso por discordar da sentença proferida a 22 de Maio pelo Tribunal de Faro, em que os inspectores Leonel Marques, Paulo Cristóvão e Paulo Marques Bom foram absolvidos pelo crime de tortura.

A mãe de Joana discorda também da absolvição de Gonçalo Amaral quanto ao crime de omissão de denúncia, bem como da aplicação de apenas 1 ano e 6 meses de prisão com pena suspensa pelo crime de falsidade de depoimento.

Gonçalo Amaral: «Estava à espera de ser condenado»

A justificar estas discordâncias, a defesa de Leonor Cipriano refere que o acórdão de 22 de Maio «enferma de contradições», ao sentenciar a absolvição dos arguidos. Isto porque «o próprio acórdão deu como provado de que não existiu qualquer queda de escadas [tal como a defesa alegava] e de que o arguido Gonçalo de Sousa Amaral conhecia perfeitamente tal verdade».

Alegada queixa da mulher de Gonçalo Amaral

A defesa de Leonor Cipriano refere ainda que uma das «importantíssimas provas» contra Gonçalo Amaral foi indeferida pelo juiz três meses depois do primeiro requerimento. Essa prova diz respeito a uma queixa apresentada pela mulher do arguido Gonçalo Amaral contra o próprio marido.

Na queixa, apresentada a 23 de Dezembro de 2007 sob a forma de carta dirigida a Guilhermino Encarnação, Director Nacional Adjunto da PJ em Faro, a mulher de Gonçalo Amaral pede ajuda para localizar a filha menor que se encontrava a viver com o pai.

Na missiva, que o advogado de Leonor Cipriano enviou ao tvi24.pt, Alexandra Leal diz a determinada altura que encontrou o marido, Gonçalo Amaral, «a consumir bebidas alcoólicas, juntamente com outros colegas». Numa outra passagem, a mulher do ex-coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão refere que Gonçalo Amaral «mandou-me entrar em casa, onde me insultou e ameaçou de morte».

Contactado pelo tvi24.pt e questionado sobre se recebeu na altura a queixa em causa, Guilhermino Encarnação preferiu não se pronunciar.

Ao tvi24.pt, Aragão Correia, advogado de Leonor Cipriano, refere que a carta, a que teve acesso através de uma fonte na Directoria de Faro da PJ, só foi «referida pela primeira vez há cinco meses atrás». Na altura, ainda de acordo com Aragão Correia, tanto Gonçalo Amaral como a mulher, Alexandra Leal, «negaram que tivesse sido apresentada qualquer queixa» e «afirmaram que a carta não era autêntica».

O advogado da mãe de Joana realça que a carta da mulher de Gonçalo Amaral, e um outro documento do Piquete da PJ que comprova que a queixa deu entrada na polícia, é de «extrema importância». Isto porque «comprova a personalidade violenta, criminosa e desumana do arguido Gonçalo Amaral», afirma o advogado.

A defesa de Leonor Cipriano discorda que aqueles dois documentos tenham sido «ignorados por completo» pelo Tribunal e pede agora que sejam do conhecimento da Relação de Évora.

Leonor Cipriano e o irmão, João Cipriano, foram condenados pelo Supremo Tribunal de Justiça a 16 anos de prisão pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver.
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