«Face Oculta»: arguido nega conhecer Manuel Godinho - TVI

«Face Oculta»: arguido nega conhecer Manuel Godinho

José Manuel Godinho interrogado no âmbito da operação face oculta

José Contradanças, administrador da IDD, sai com termo de identidade e residência. Interrogatórios prosseguem na quinta-feira

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(ACTUALIZADA ÀS 12:10)

Os interrogatórios relativos ao processo «Face Oculta» foram interrompidos ao final da manhã desta quarta-feira e deverão recomeçar quinta-feira, informou fonte do Juízo de Instrução Criminal de Aveiro, sem esclarecer quem será ouvido.

José António Contradanças, arguido no processo «Face Oculta», negou, à saída do Juízo de Instrução Criminal de Aveiro, conhecer o empresário Manuel José Godinho, principal suspeito neste caso.

«Nunca estive com ele, só o conheço agora dos jornais», referiu o administrador da Industria de Desmilitarização da Defesa (IDD), refere citado pela Lusa.

O empresário foi ouvido pelo procurador do Ministério Público durante cerca de duas horas, tendo saído acompanhado pelo seu advogado, pouco depois do meio-dia.

Segundo o advogado do arguido, José Paulo Dias, o suspeito vai continuar sujeito ao termo de identidade e residência, a mais leve medida de coacção.

José Paulo Dias realçou ainda que o tratamento dado ao seu constituinte é o «menos gravoso» e que o seu cliente «tem vindo a ser prejudicado na vida pessoal e profissional por estas situações».

O advogado sublinhou ainda que o seu cliente está envolvido no processo «indevidamente»: «No meio desta espuma toda há pessoas que são apanhadas na volta. Estão aqui porque alguém refere os seus nomes impropriamente».

Segundo a investigação, o arguido José António Contradanças, vogal do conselho de administração da IDD, teria sido contactado para favorecer as empresas de Manuel Godinho nos concursos e nas consultas públicas de adjudicação, nomeadamente na adjudicação directa de contratos de prestação de serviços na área de tratamento de resíduos.

O juiz presidente da comarca Paulo Brandão informou entretanto os jornalistas que, ao contrário do que tinha dito antes, João Godinho, filho do empresário José António, não irá ser ouvido ainda hoje pelo juiz de instrução criminal. Paulo Brandão escusou-se a explicar as razões pelas quais foi adiada a audição de João Godinho.

Mega-operação faz 15 arguidos

A PJ desencadeou a 28 de Outubro a operação Face Oculta em vários pontos do país, no âmbito de uma investigação relacionada com alegados crimes económicos de um grupo empresarial de Ovar que integra a O2-Tratamento e Limpezas Ambientais, a que está ligado Manuel José Godinho.

No decurso da operação foram efectuadas cerca de 30 buscas, domiciliárias e a postos de trabalho, e 15 pessoas foram constituídas arguidas, incluindo Armando Vara, ex-ministro socialista e vice-presidente do BCP (que suspendeu as funções), José Penedos, presidente da REN-Redes Eléctricas Nacionais, e o seu filho Paulo Penedos, advogado da empresa SCI-Sociedade Comercial e Industrial de Metalomecânica SA, de Manuel José Godinho.

Um administrador da Indústria de Desmilitarização da Defesa (IDD) também foi constituído arguido no processo Face Oculta.

Desde 30 de Outubro, aquando do início dos interrogatórios judiciais, um arguido foi colocado em prisão preventiva (o empresário Manuel José Godinho) e três outros foram suspensos de funções: Manuel Guiomar, quadro da Refer, Mário Pinho, funcionário da Repartição de Finanças de São João da Madeira, e José Lopes Valentim, também quadro da Refer-Rede Ferroviária Nacional.

O Juízo de Instrução Criminal do Baixo Vouga indiciou terça-feira o arguido da Face Oculta Namércio Cunha pelos crimes de associação criminosa e corrupção activa, obrigando-o a pagar uma caução de 25 mil euros.

De acordo com o juiz presidente da comarca, Namércio Cunha é suspeito de ter praticado um crime de associação criminosa e outros dois de corrupção activa para acto ilícito.

Segundo a investigação, Namércio Cunha estabelecia a ponte entre o principal arguido do processo, Manuel José Godinho, e a REN-Redes Eléctricas Nacionais, empresa dirigida por José Penedos.
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