Aos 30 anos, já visitou 63 países e tem três passaportes cheios - TVI

Aos 30 anos, já visitou 63 países e tem três passaportes cheios

João Leitão

Do deserto do Saara às montanhas do Alto Carabaque, ou às ruas do Irão. Há portugueses que levam a paixão das viagens muito a sério. Contam às dezenas os países visitados e as viagens chegam a durar meses. Vamos dar-lhe a conhecer as histórias e as imagens de alguns destes viajantes

Visitou 63 países e territórios e aos 30 anos já tem três passaportes cheios. Mas mais impressionante do que os números, são as histórias que vão enchendo o currículo de viagens de João Leitão.



Este publicitário português vive em Marrocos há cerca de quatro anos, mas já teve morada numa mão cheia de países. «Estive praticamente um ano em Nova Iorque, meio ano em Kankaanpää na Finlândia (onde fiz Erasmus), meio ano em Lviv na Ucrânia e muito tempo em Espanha onde estudei numa academia de desenho artístico. Estive ainda um mês em Almaty no Cazaquistão como voluntário a trabalhar com crianças a dar workshops de pintura e inglês».



João Leitão recorda que começou cedo como viajante. «Os meus pais sempre me levaram a viajar por Portugal, Espanha e Ceuta». E não parou mais. « Desde 1999 que viajei em média seis meses por ano, de viagens de duas semanas até dois ou três meses».



O facto de trabalhar em marketing online facilita viagens longas. «Posso viajar e trabalhar com computador e internet». Mas quando a crise está na ordem do dia, como é possível viajar tanto? «Há quem prefira ficar em casa e nunca viajar pois é preciso muito dinheiro (2000 ou 3000 euros) para um cruzeiro de luxo ou uma viagem a um resort nas Caraíbas, sem saber que há viagens que se fazem por muito menos», explica. «Já gastei de 300 euros a 4000 euros em viagens grandes. Gasto 1000 a 1500 euros por mês quando viajo, com tudo incluído», explica.



Normalmente viaja sozinho «pois é difícil encontrar pessoas que não se prendam a planos de viagem e que acreditem que tudo é mutável».



Recordar alguns momentos marcantes é um percurso de milhares de quilómetros. João Leitão destaca «andar à boleia pela África Ocidental; acampar nas montanhas no Cazaquistão; conduzir em Cuba e Islândia de uma ponta à outra; uma viagem de 22 horas desde Gao até Timbuktu no cimo de uma pick-up com mais 18 africanos, uma viagem ao Egipto, Jordânia, Israel e Palestina»... uma lista que acaba por ter de ser reduzida por motivos óbvios, mas que ainda inclui o pôr-do-sol em várias latitudes: desde Sintra, Ponta de Sagres e Castelo de São Jorge em Lisboa, até à Praça Registan em Samarcanda ou às Dunas de Erg Chebbi em Marrocos.



E se o local o marca, regressa uma e outra vez. «Já fui oito vezes aos Estados Unidos, dez à Polónia, oito à Alemanha, seis à Mauritânia, quatro vezes à Turquia, três à Suíça, e por aí fora».

Em tantas viagens, não faltam também alguns riscos e situações complicadas. « Já tive armas apontadas a mim na Mauritânia, Irão e Mali. Estive detido pela polícia em Espanha, Mauritânia, Rússia, e no Saara Ocidental não protegido. Em 2009 viajei 11 dias pelo norte do Iraque, há quem diga que é perigoso. Também entrei pelas montanhas na zona interdita do Alto Carabaque, zona disputada entre a Arménia e o Azerbaijão».



Apesar de já ter visitado um número considerável de países, enumera uma lista quase tão grande quando lhe perguntam sobre planos para uma próxima viagem. «Tenho imensos planos e é óbvio que já serão com a minha mulher. Estou cansado de viajar sozinho», conta. Os planos para os próximos quatro ou cinco anos estão mais ou menos traçados: «Viajar de mota triciclo África abaixo; fazer o coast-to-coast nos Estados Unidos, viver na América do Sul durante um ano pelo menos; visitar o Afeganistão; fazer outra vez a Rota da Seda; viajar numa carrinha pela Sibéria e Mongólia; viajar pela Austrália, viver na Índia seis meses, tirar um curso de mergulho no Belize; passar de barco do Egipto até ao Sudão; conhecer melhor Israel; visitar a Arábia Saudita, Iémen e Omã; ver gorilas de perto na África Central, subir ao Kilimanjaro; beber um chá no mercado de Kashgar; andar dois meses pela Indochina; fazer um cruzeiro de 68 dias pelo mundo passando por várias ilhas interessantes... Quando fizer isto tudo, estou pronto para assentar com a minha mulher e ter um filho».
Continue a ler esta notícia