Rixa de trânsito: vítima e agressor portaram-se como «machos lusitanos» - TVI

Rixa de trânsito: vítima e agressor portaram-se como «machos lusitanos»

Sociedade

Advogado de defesa defende não condenação de Gonçalo Cardoso pela morte de Nélio Marques

O advogado do homem acusado de homicídio qualificado na morte de Nélio Marques, filho do ex-jogador do Benfica Nelinho, defendeu esta terça-feira que o tribunal deve considerar a possibilidade de «excesso de legítima defesa» e de não condenação, diz a Lusa.

«Entendo que o mais longe que se pode ir nesta matéria é considerar homicídio simples», afirmou João Nabais ao terminar as alegações finais deste caso, em que defendeu uma «atenuação especial» para o arguido, Gonçalo Cardoso.

Perante a desolação da família, o próprio procurador do Ministério Público sugeriu que a conduta do arguido fosse atenuada e enquadrada numa classificação menos gravosa do que a que implica insídia, classificando a atitude de ambos os intervenientes - vítima e agressor - como uma demonstração de «machos lusitanos» perante as namoradas.

Começa julgamento de caso de morte em rixa de trânsito

Segundo o procurador, não há indemnização que pague a perda de um filho e os dois intervenientes numa simples rixa de trânsito poderiam ter-se ficado pelos insultos verbais, não fosse a presença das respectivas namoradas.

Os factos em julgamento ocorreram em 2005, em Lisboa, quando na sequência de uma ultrapassagem Nélio Marques e Gonçalo Cardoso se confrontaram num posto de abastecimento de combustível, tendo o segundo disparado três tiros na direcção do primeiro.

«Provou-se toda a matéria da acusação, à excepção que o arguido tenha atingido a vítima com três projécteis, mas dois», afirmou o procurador. «Custa-nos perceber como é que isto aconteceu, como é que uma simples picardia de trânsito teve este desfecho», disse o procurador.

O procurador sugeriu que Nélio Marques seguiu Gonçalo Cardoso até à bomba de gasolina depois de a namorada lhe ter dito «este tipo é doido» e defendeu que o arguido agiu como agiu por ter sido «sovado à frente da namorada».

Para o advogado da família da vítima, José António Barreiros, a interpretação do procurador é «romanesca». «O senhor procurador traz-nos uma visão um bocadinho romanesca, com base numa demonstração das respectivas virilidades», contestou o advogado, lembrando que na altura dos disparos a contenda havia terminado e a vítima já se tinha afastado quando foi «atingida pelas costas».

João Nabais tentou convencer o colectivo de que não ficou provado que o seu cliente tivesse disparado nas costas da vítima: «Nem sempre o que entra por trás é feito por trás. Em fracções de segundo a pessoa pode estar de frente e virar-se.

A leitura do acórdão ficou marcada para 14 de Abril.
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