Pedroso nega que contrato de 220 mil euros seja «sobreposição» de outro - TVI

Pedroso nega que contrato de 220 mil euros seja «sobreposição» de outro

Paulo Pedroso  e o irmão João Pedroso

«Não há incumprimento nenhum» do primeiro contrato, alegou João Pedroso

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João Pedroso rejeitou que um segundo contrato assinado com o Ministério da Educação, no valor de 220 mil euros, fosse uma «sobreposição» de um primeiro contrato de prestação de serviços não cumprido.

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João Pedroso, irmão do antigo ministro socialista Paulo Pedroso, falava num julgamento em que juntamente com a ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues e dois outros arguidos responde pelo crime de prevaricação.

«Não há incumprimento nenhum» do primeiro contrato, alegou João Pedroso, notando que, embora o relatório que entregou à ex-ministra a 30 de junho de 2006 diga que os objetivos não estão cumpridos, o Ministério da Educação entendeu e percebeu que o trabalho era para continuar face aos milhares de diplomas que era necessário compilar.

João Pedroso disse ainda que, nem ele nem António Landeira ¿ um especialista em educação que integrou o seu grupo de trabalho ¿ tiveram «a noção que iam ser confrontados com 5.000 diplomas», embora o colega já lhe tivesse avisado que a legislação no setor era «um poço sem fundo».

Apesar de tudo o que aconteceu e de o segundo contrato não ter sido concretizado na íntegra, obrigando-o a repor verbas do seu bolso, João Pedroso insistiu na importância do trabalho realizado até então, mas declarou-se «injustiçado» por estar a responder em tribunal por coordenar um grupo de trabalho que à luz do direito nem sequer «tem obrigações jurídicas contratuais».

O arguido disse também não perceber porque está a ser julgado neste processo, quando assinou um contrato semelhante com o Ministério da justiça, no valor de 90 mil euros, e nada aconteceu, embora a fundamentação seja a mesma e indiquem ambos a sua «aptidão técnica».

João Pedroso admitiu contudo que se fosse hoje não assinaria o segundo contrato sem ter uma «margem de folga», reconhecendo que foram cometidos erros na gestão do trabalho e que o mesmo deveria ter envolvido a universidade, porque a estrutura é outra.

O arguido hesitou quando Nuno Godinho de Matos, advogado de Maria de Lurdes Rodrigues, lhe perguntou porque razão estava a ser julgado, tendo o causídico adiantado a resposta: «É óbvio que está aqui porque é irmão de quem é».

Esta observação indignou o procurador Victor Pinto, que disse que «todos os arguidos são irmãos de alguém», mas este foi um dos raros momentos de tensão e emoção da sessão.

Na anterior sessão, Maria de Lurdes Rodrigues assegurou ao coletivo presidido pela juíza Helena Suzano que nunca tomou qualquer decisão com o intuito de «beneficiar» João Pedroso. «Nunca vivi de favores, de lealdades ou de trocas», disse, notando que a sua «motivação» foi sempre a defesa do «interesse público, do sistema educativo e dos alunos».

Inquirida como arguida em julgamento por suspeita da prática do crime de prevaricação, por alegadamente ter favorecido o jurista João Pedroso numa contratação feita, por ajuste direto, pelo Ministério da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues rejeitou totalmente a acusação.

«Nunca tomei uma decisão para beneficiar João Pedroso», salientou a ex-ministra da Educação, sublinhando que a sua «motivação» foi sempre a defesa do «interesse público».

Em causa neste processo está a contratação do irmão do antigo ministro socialista Paulo Pedroso para coordenar o grupo de trabalho, num primeiro contrato no valor de 45 mil euros, e depois, num outro, de 220 mil euros, considerando a acusação que tal foi ilegal.
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