O ex-motorista de José Sócrates viu a medida de coação alterada de prisão preventiva para «prisão domiciliária» com pulseira eletrónica.
João Perna está ainda proibido de contactar com as empresas de Carlos Santos Silva e com a família de José Sócrates, ficando assim acautelado o perigo de perturbação do inquérito.
O despacho do juiz Carlos Alexandre dita que João Perna vai ficar sob vigilância eletrónica na sua própria residência. À chegada, o antigo motorista de Sócrates recebeu aplausos de populares.
Segundo explicou o advogado Ricardo Candeias à agência Lusa, foram cumpridas as últimas formalidades dos serviços prisionais para verificação das condições de vigilância eletrónica na habitação do arguido.
A TVI já tinha apurado que o juiz Carlos Alexandre tinha pedido aos serviços de vigilância eletrónica da Direção-Geral de Reinserção social para verificar se a habitação do arguido tinha condições para prisão domiciliária.
João Perna estava detido desde o passado dia 24 de novembro, no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária, em Lisboa, por indícios de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e posse de arma proibida.
O Ministério Público decidiu pedir a alteração da medida de coação de João perna depois do arguido ter quebrado o silêncio e ter respondido às perguntas do procurador Rosário Teixeira.
O advogado de João Perna, mostrou-se satisfeito com a alteração da medida de coação de prisão preventiva para «prisão domiciliária»,
«É uma grande vitória para a defesa», disse Ricardo Candeias.
Ricardo Candeias explicou que aconteceram «factos muito relevantes no último mês». A «mudança de estratégia ao longo deste mês» ditou o «sucesso».
Factos esses que o advogado não especificou, nomeadamente, não adiantando se João Perna foi ao encontro de José Sócrates e onde, argumentando que essa matéria está em «segredo de justiça». Apenas disse que João Perna «no exercício das suas funções saiu várias vezes de Portugal».
Ricardo Candeias disse sim que o seu cliente «está muito satisfeito» por ter ido para casa e frisou que este «não tem nada a esconder», mostrando-se «disponível» para colaborar com a justiça.
Segundo a agência Lusa, o advogado do ex-motorista explicou que João Perna foi para casa porque o tribunal aceitou que o perigo de fuga «diminuiu consideravelmente, assim como o perigo de perturbação da prova».
Questionado sobre se para a alteração da medida de coação teria havido uma «colaboração» de João Perna para com o tribunal o advogado disse que essa era uma questão «um pouco mistificada».
«Porque na verdade João Perna numa fase inicial prestou declarações num determinado sentido e o que se fez agora, além de esclarecimentos complementares, foi introduzir uma série de factos relevantíssimos, na nossa opinião, que levaram o tribunal a ficar convencido que não se justificava a prisão preventiva», disse.
Para já o ex-motorista está bem, a aguardar serenamente o desenrolar do processo sendo certo que «a história não acaba aqui», disse o advogado.