O presidente da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), José Arruda, morreu este sábado, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.
Em comunicado, a associação manifesta “enorme mágoa e profunda consternação” pelo “falecimento inesperado”, esta tarde, do comendador José Eduardo Gaspar Arruda.
A ADFA salienta que José Arruda se entregou “abnegadamente à causa da dignidade” dos deficientes das Forças Armadas e dos deficientes portugueses em geral, servindo a República “com a elevação e a responsabilidade de um cidadão íntegro, dedicado e exemplar”.
Sublinhamos e homenageamos o homem de Abril, que viveu na plenitude os valores da democracia, em liberdade e solidariedade”.
José Arruda nasceu em Moçambique em 10 de março de 1949, desenvolveu uma carreira de atleta até integrar o serviço militar obrigatório e foi ferido, em 1971, durante a guerra colonial, “acidente do qual resultou a cegueira e a amputação o membro superior esquerdo”.
Em 1973, durante a permanência no Hospital Militar Principal, participou no movimento de apoio à criação do estatuto do deficiente das Forças Armadas, tendo posteriormente, em 1974, participado na primeira assembleia Geral da recém-criada Associação dos Deficientes das Forças Armadas, que surgiu na sequência da Revolução do 25 de Abril.
Dedicação "altruísta e meritória"
O chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do presidente da direção nacional da Associação dos Deficientes das Forças Armadas, elogiando-o pela sua dedicação "altruísta e meritória" a esta causa.
Numa nota publicada no portal da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa lembra que José Arruda "foi condecorado pelo Estado português com a Ordem do Mérito, grau de comendador, e com o grau de grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique" - respetivamente, em 2004 e 2016, pelos seus antecessores Jorge Sampaio e Cavaco Silva.
O comendador José Eduardo Gaspar Arruda assegurou de uma forma extremamente dedicada, altruísta e meritória a reafirmação dos direitos à recuperação moral e material dos deficientes das Forças Armadas, numa permanente defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação do ser humano, da justiça social e promoção da liberdade".
O Presidente "lamenta a sua morte e envia as mais sentidas condolências à família, aos amigos, à ADFA e às Forças Armadas".
"Uma referência incontornável"
Também o Ministério da Defesa lamentou a morte de José Arruda, “uma referência incontornável” para a Defesa e para a sociedade portuguesa.
"A sua liderança da Associação de Deficientes das Forças Armadas merece o reconhecimento e a admiração de todo o país, e perdurará na memória de todos”, lê-se num comunicado emitido hoje à noite pelo gabinete do ministro, João Gomes Cravinho.
Na mesma nota refere-se que a Defesa Nacional perdeu hoje um homem de causas, combativo, um líder com um grande sentido de dever, de lealdade, e de camaradagem, um exemplo inspirador de cidadania.
A Defesa Nacional e a sociedade portuguesa muito lhe devem pelo trabalho incansável de combate ativo pelos direitos dos associados que representava e cujos interesses tão bem soube servir”.