Há cada vez menos professores de português no estrangeiro - TVI

Há cada vez menos professores de português no estrangeiro

José Cesário

No entanto, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse haver mais pessoas a aprender português entre os emigrantes

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, disse hoje à Lusa haver mais pessoas a aprender português entre os emigrantes, mas admitiu que o número de professores do Estado tem diminuído.

"Hoje temos mais gente a aprender português na Rede do Instituto Camões, embora tenhamos menos professores contratados diretamente do que tínhamos há meia dúzia de anos", afirmou.


Em declarações à Lusa, em Amarante, onde hoje participou num encontro organizado pelo Sindicato de Professores no Estrangeiro, o governante explicou que a rede tem-se alargado, "não apenas por via dos cursos administrados por via direta, mas também por muitos cursos que são de iniciativa local".

"São cursos que nós temos passado a apoiar, com avaliação e certificação", sublinhou, apontando os casos dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Venezuela.


José Cesário explicou que a redução do número de professores diretamente contratados pelo Estado, que foi menos acentuada nos últimos anos, teve a ver com razões económicas, mas também com "uma maior exigência na organização das turmas".

À Lusa, salientou haver países onde se verifica um acréscimo de alunos, como Argentina, Venezuela, Zimbabué, Namíbia, Austrália e Estados Unidos, e outros onde acontece a tendência inversa, apontando os casos da França e Suíça.
 

Sindicato dos Professores no Estrangeiro alerta para a menor qualidade no ensino


O secretário-geral do Sindicato dos Professores no Estrangeiro (SPE), Carlos Pato, avisou hoje que a qualidade do ensino de português nas comunidades portuguesas tem diminuído devido ao menor número de professores.

Segundo o dirigente, há cerca de seis anos havia 600 professores e atualmente há 317.

"Com a mistura de níveis a proficiência dentro de uma sala de aula, sentimos mais dificuldades e reconhecemos que o nível da qualidade do ensino desce", considerou, em declarações à Lusa.


O SPE organizou um encontro em Amarante, em que participaram dezenas de docentes, o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, o secretário-geral na FENPROF, Mário Nogueira, e os presidentes das câmaras de Amarante e Marco de Canaveses.

O dirigente do SPE mostrou-se preocupado com a diminuição do número de professores na Suíça e Luxemburgo, países com grandes comunidades portuguesas.

"Isso vai aumentar substancialmente o número de alunos por turma e reduzir a qualidade", criticou.


Carlos Pato reclamou, por outro lado, uma revisão das tabelas salariais dos professores no estrangeiro, para além da situação fiscal dos docentes em matéria de tributação de IRS.

O representante dos professores recordou que os docentes têm domicílio fiscal em Portugal, mas não podem deduzir as suas despesas, como se faz em Portugal.

"São essas assimetrias de tratamento que nós estamos a trabalhar com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e ele tem manifestado toda a disponibilidade e compreensão", afirmou.


Aquela preocupação do SPE foi corroborada pelo secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, para quem os professores no estrangeiro, mesmo no topo de carreira, auferem de um rendimento inferior aos docentes em Portugal.

"Os salários dos professores de português que trabalham no estrangeiro têm vindo a desvalorizar-se muito, para além do impacto das medidas tomadas para a administração pública", comentou.


Em declarações à Lusa, avançou que uma das prioridades passa pela revisão das carreiras e dos salários dos professores de português no estrangeiro.

Destacou também que o Estado está a procurar "corresponder à procura nos maiores aglomerados de emigração, mas observou que, no futuro, "vão ter que se desenvolver estratégias para se chegar a um maior número de comunidades isoladas".

José Cesário avançou, por outro lado, que o Estado está a preparar um projeto que prevê atualizações salariais automáticas dos salários dos professores que compensem as desvalorizações ou valorizações cambiais, face ao euro, das moedas dos países onde os docentes exercem a atividade.

O modelo seguido, avançou, poderá inspirar-se no adotado recentemente para os trabalhadores da rede de embaixadas e consulados, mas será matéria para o próximo Governo.

Para 2015, recordou, foi encontrada uma solução de atualização extraordinária para fazer face à desvalorização do franco suíço face ao euro, o que também ocorreu noutros países onde também houve perda de poder de compra por via da oscilação nas taxas cambiais.
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