«As culturas não são intocáveis, evoluem» - TVI

«As culturas não são intocáveis, evoluem»

Cardeal-Patriarca de Lisboa

Cardeal patriarca de Lisboa considera que «o direito como busca da dignidade humana e da verdade do homem não pode desligar-se da cultura»

O cardeal patriarca de Lisboa, José Policarpo, considerou esta terça-feira que «o direito como busca da dignidade humana e da verdade do homem não pode desligar-se da cultura», lembrando que esta evolui.

«No dia em que ele [homem] se desligar da cultura perde grande parte da sua razão de ser», disse o responsável máximo da igreja portuguesa, que falava no encontro «A família e o direito», realizado esta terça-feira na Aula Magna, em Lisboa.

José Policarpo referiu ainda que «as culturas não são intocáveis, evoluem».

«E a igreja levou talvez tempo de mais a perceber que tem que estar, tem que aceitar este fenómeno e intervir nele, interferir no próprio fenómeno da mutação cultural», sublinhou o cardeal patriarca de Lisboa.

Para José Policarpo, a «mutação cultural não pode pôr em questão aspetos perenes da compreensão do homem», «nem o conceito de pessoa nem a complementaridade homem-mulher».

«Nenhum homem será o que pode ser sem a mulher, nenhuma mulher será o que pode ser sem o homem», referiu, acrescentando que o conceito de indivíduo ainda está «profundamente marcado na cultura contemporânea».

Por seu turno, o juiz conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça Laborinho Lúcio defendeu a necessidade de se criar «uma definição de família», justificando que a criada em 1994 pela ONU, no Ano Internacional da Família, é «razoavelmente frouxa» e a tentada pela União das Associações de Família de França é «desastrosa».

O arcebispo metropolitano de S. Paulo, Odilo Pedro Scherer, questionou se é possível «pensar a humanidade sem a família formada por um homem, uma mulher e filhos».

«Que humanidade seria abolir a família ou entregá-la ao seu destino sem o devido amparo, seria eventualmente um progresso civilizacional e cultural para a humanidade ou levaria ao caos social, humano e também político?», questionou.

«Pior ainda seria tirar totalmente do Estado a sua responsabilidade de tutelar a família, como hoje parece ser a tendência» assim como «imaginar um futuro apenas com filhos nascidos a partir da manipulação genética, produzidos em laboratório», sustentou.
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