«Se Sócrates não fosse quem é, não estaria preso» - TVI

«Se Sócrates não fosse quem é, não estaria preso»

O advogado João Araújo, que representa o antigo primeiro-ministro José Sócrates, está convicto da inocência do cliente: «Acredito e declaro, com toda a certeza possível, que o senhor engenheiro José Sócrates não praticou aqueles crimes que lhe imputam». O causídico disse, no «Jornal das 8» da TVI, que o «processo tem uma face profundamente política». «O facto de ele ser quem é, influenciou a decisão do juiz», sublinhou

O advogado João Araújo disse, esta sexta-feira, no «Jornal das 8» da TVI que José Sócrates só está em prisão preventiva por ser «quem é», acusando o juiz encarregue do processo de se ter deixado influenciar.
 

«O facto de ele ser quem é influenciou a decisão do juiz Carlos Alexandre», disse.

 

«Ele não está acima da lei, mas também não pode estar abaixo da lei. Se ele não fosse quem é, não estaria preso», sublinhou.

 
Convicto de que o ex-primeiro-ministro não irá a julgamento, João Araújo considera que estamos perante um processo «naturalmente político», desde logo porque «José Sócrates está preso preventivamente». «Este processo tem uma face profundamente política», sublinhou.
 
Ressalvando que teve «alguma hesitação» em conceder a entrevista, por ter indicações da Ordem dos Advogados de não falar sobre o processo, João Araújo disse estar confiante no sucesso do recurso que apresentou esta sexta-feira, junto do Tribunal Central de Instrução Criminal, confessando que «ainda não pensou» na hipótese de a iniciativa jurídica não ter provimento.
 

«Eu nem sequer admitiria, à partida, que haveria uma decisão de prisão preventiva. Havendo, recorre-se», resumiu, recusando-se a especificar se pretende avançar para outras instâncias caso o recurso não tenha o sucesso pretendido.

 
Questionado se está convicto da inocência do cliente, João Araújo não hesitou: «Absolutamente. Absolutamente. Antes de mais, sou obrigado a acreditar. A Lei manda-me acreditar. Mas pessoalmente, e agora com reforçadas razões, porque sei, conheço, acredito e declaro, com toda a certeza possível, que o senhor engenheiro José Sócrates não praticou aqueles crimes que lhe imputam».
 
João Araújo confessou que não lê jornais «desde o início do processo» e que não lhe «interessa» pormenores como o estilo de vida de José Sócrates em Paris ou o carro de que o ex-primeiro-ministro é proprietário.
 
O advogado disse ainda desconhecer até que ponto o Grupo Lena beneficiou do facto de José Sócrates ser primeiro-ministro e amigo de Carlos Santos Silva, também detido preventivamente no âmbito do mesmo processo. «Não sei se o senhor Carlos Silva era ou foi administrador do Grupo Lena, nem se teve muitos contratos», garantiu.
 

«Isso não me interessa [para a estratégia de defesa] e, se quer que lhe diga, não é um facto tão relevante como pensa», respondeu a Judite de Sousa.

 
Sobre o facto de José Sócrates estar proibido de dar entrevistas a partir da prisão, João Araújo manifestou-se indignado. «O senhor engenheiro José Sócrates está em pleno gozo dos seus direitos políticos. Não direi civis, porque está preso, mas está em pleno gozo dos seus direitos políticos», sublinhou.
 
Comentando a notícia da eminente passagem de prisão preventiva para prisão domiciliária do ex-motorista de José Sócrates, João Araújo disse que «é um excesso de cerceamento de liberdade de uma pessoa». «Acharia bem que fosse colocado em liberdade», reforçou.
 
João Araújo disse ainda que «é uma grosseira mentira» que o motorista tenha «levado malas de dinheiro a Paris» e que o carro de José Sócrates, fora de território nacional, «terá ido fazer uma revisão a Badajoz».

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