Como se transmite o vírus da Sida? - TVI

Como se transmite o vírus da Sida?

  • Portugal Diário
  • Sílvia Maia da Agência Lusa
  • 2 mar 2008, 12:20
Sérgio Luis faz palestras sobre o virus da Sida (António José/LUSA)

«Como nos podemos proteger?». «Onde podemos fazer um teste?». Técnico da associação Abraço tem ranking «preocupante» das dúvidas dos jovens, quando se assinalam 25 anos da detecção do primeiro caso no país Preservativos de má qualidade «assustam» Lisboa

Relacionados
Sérgio Luís faz mais de 30 mil quilómetros por ano: vai a creches, escolas e lares falar sobre VIH. Dez anos depois da primeira palestra, assegura que as dúvidas continuam as mesmas. Num país onde a Educação Sexual ainda não chegou a todos, os jovens ainda perguntam «como se transmite o vírus».

No anfiteatro da escola secundária de Vila Nova de Santo André, no Alentejo, o ar despreocupado dos finalistas ali reunidos dá lugar a expressões de choque. Acabaram de ouvir que fazem parte do grupo etário responsável por cerca de metade dos novos casos de infecção de VIH em Portugal.

Há mais doentes com Sida em Portugal

Preservativos de má qualidade «assustam» Lisboa

A informação apanha-os de surpresa. Alguns, até então enterrados nas cadeiras, endireitam-se e procuram saber mais sobre o Vírus da Imunodeficiência Humana. «Se for detectado no início pode ser tratado?», questiona um aluno no meio da plateia. «Como é que nos podemos proteger?», atira quase em simultâneo um colega, logo atropelado por outra pergunta: «Onde é que podemos fazer um teste para saber se estamos infectados?».

Há 25 anos foi detectado o primeiro caso de Sida em Portugal

O técnico da associação Abraço tem um ranking «preocupante» das principais dúvidas levantadas pelos milhares de jovens que contactou ao longo de uma década. «O que é que significa VIH?» e «Como se transmite o vírus?» continuam no top, diz preocupado. Perguntas difíceis de aceitar numa altura em que Portugal assinala precisamente 25 anos da detecção do primeiro caso de Sida no país.

«Ao contrário dos estudos e relatórios que vão sendo divulgados sobre o conhecimento desta matéria, todos os dias respondo às mesmas perguntas e dúvidas que respondia há exactamente dez anos», alerta, sublinhando que, no que toca a conhecimentos, já não se encontram diferenças entre os jovens do interior e os das grandes cidades.

Diferenças entre os jovens do interior e das grandes cidades

A experiência do técnico é atestada pelas estatísticas, que revelam um paradoxo aparente: a geração que nasceu num mundo com VIH, que tem acesso à Internet e informação sobre sexualidade e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) é também uma das mais atingidas pelo vírus e responsável por colocar Portugal em segundo lugar na tabela dos países europeus com a maior taxa de mães adolescentes.

O problema poderá estar na qualidade da informação e na ideia de que a multiplicação de sensações a que os jovens actualmente estão sujeitos pode descartar o conhecimento científico e a pedagogia.

«Acredito que se todas as escolas tivessem programas de educação sexual consistentes, a situação seria muito melhor», defende Duarte Vilar, director executivo da Associação para o Planeamento da Família, que desenvolve trabalho na área da educação sexual (ES) há mais de trinta anos.

Este responsável recorda o caso da Finlândia, onde «se registou um aumento de gravidezes não desejadas e de infecções sexualmente transmissíveis depois de terem sido suspendidos os programas de educação sexual».

Em Portugal, desde 1984 que são aprovados diplomas legais para aplicar a educação sexual nas escolas. O primeiro projecto-piloto arrancou há 13 anos e há oito foi publicado o decreto-lei que tornou obrigatória a abordagem da saúde sexual e humana. No ano passado, o Ministério da Educação (ME) voltou a anunciar a obrigatoriedade das escolas leccionarem a matéria.
Continue a ler esta notícia

Relacionados

EM DESTAQUE