Nomes de inspectores da PJ em Lista da CP

Os dados pessoais de centenas de operacionais e outros elementos da PJ estiveram acessíveis em quatro bilheteiras de Lisboa da CP para efeitos de revalidação dos passes sociais, situação criticada por inspectores, mas desvalorizada pela direcção da Judiciária.

O caso verificou-se, pelo menos, no final de Março, quando inspectores e outros funcionários da Polícia Judiciária (PJ) pretenderam revalidar o título de transporte junto da CP-Comboios de Portugal. Operacionais dirigiram-se, então, a duas bilheteiras da CP das quatros existentes em Lisboa (Rossio, Santa Apolónia, Entrecampos e Oriente) e foi aí que verificaram que o seu nome completo e área de residência constavam de uma lista acessível a todos os funcionários nas bilheteiras.

Nome na lista

A Agência Lusa acompanhou dois inspectores de diferentes unidades operacionais da PJ, que solicitaram o anonimato, quando procediam à renovação da vinheta na bilheteira em duas estações da CP.

Confrontada pela Lusa com esta situação, a direcção nacional da PJ desvalorizou e argumentou que «os nomes das pessoas admitidas na PJ são publicados em Diário da República», como é o exemplo dos últimos estagiários que iniciaram funções recentemente. «Não existe qualquer secretismo em relação aos nomes dos inspectores», realçou ainda a direcção nacional da PJ.

A direcção nacional da Judiciária disse à Lusa haver um protocolo assinado em Junho passado com a CP para proporcionar aos operacionais e outros funcionários da PJ transporte nos comboios e que tem de existir «uma forma de confirmação» de quem tem direito à titularidade.

Um dos inspectores, ao se identificar com o cartão da Polícia Judiciária, foi confrontado com a verificação do seu nome completo numa lista, que estava junto do terminal de computador, à disposição de qualquer pessoa com acesso às bilheteiras, conforme a Lusa verificou no local.

Discrição e não secretismo

A direcção nacional daquele corpo superior de polícia de investigação criminal desvaloriza a situação, explicando que a Judiciária «é discreta e não secreta».

Nas quatro bilheteiras da transportadora ferroviária, como a Lusa verificou no local, encontrava-se uma cópia da referida lista com os nomes completos e áreas de residência dos operacionais e outros elementos da PJ, para confirmação e atribuição da revalidação do título de transporte nos comboios da região de Lisboa.

A Agência Lusa confrontou também a CP perante estes factos, mas a transportadora não se pronunciou em tempo útil.