Casa Pia: defesa satisfeita com aceitação de novas testemunhas - TVI

Casa Pia: defesa satisfeita com aceitação de novas testemunhas

Carlos Cruz

Advogado das vítimas diz que mais inquirições em tribunal não contribuem «para a descoberta da verdade»

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Os advogados de Carlos Cruz e Hugo Marçal consideraram positiva a decisão da juíza Ana Peres de aceitar a inquirição de testemunhas arroladas pelos arguidos, para a repetição parcial do julgamento do processo Casa Pia.

O Tribunal Criminal de Lisboa agendou cinco novas audiências, para inquirição de testemunhas e produção de prova, no âmbito da repetição de parte do julgamento do processo Casa Pia, que envolve factos (abusos sexuais) alegadamente ocorridos numa casa em Elvas, que pertence à arguida Gertrudes Nunes.

À saída das Varas Criminais, Ricardo Sá Fernandes disse «aceitar» a decisão e referiu que só não foram deferidas pela juíza Ana Peres duas testemunhas que já tinham sido ouvidas em julgamento.

Segundo o advogado do apresentador de televisão, depois de se admitir que os abusos terão sido praticados durante os dias da semana e não aos fins de semana, Carlos Cruz pretende que o tribunal oiça pessoas que «certamente se terão apercebido de alguma coisa», pois frequentavam a casa de Gertrudes Nunes.

O objetivo, explicou, é demonstrar que, na casa de Elvas, onde a acusação diz terem ocorrido abusos sexuais, «circulavam pessoas de variadas origens», já que Gertrudes Nunes era ama da Segurança Social, o que «torna pouco razoável dizer que este foi o local recatado que os arguidos escolheram» para praticarem atos sexuais com alunos casapianos.

Ricardo Sá Fernandes mostrou-se satisfeito com o facto de o tribunal ter já agendado novas audiências de produção de prova e inquirição de testemunhas para os dias 24 e 28 de setembro, 1, 12 e 22 de outubro.

Sónia Cristovão, advogada do arguido Hugo Marçal (hoje ausente do julgamento), também se mostrou satisfeita com a decisão do tribunal de ouvir mais testemunhas, nomeadamente as pessoas que vierem a ser indicadas pela Segurança Social como tendo confiado os seus filhos à ama Gertrudes Nunes.

O advogado das vítimas da Casa Pia, Miguel Matias, disse aos jornalistas discordar das razões e do fundamento do tribunal para que fossem ouvidas mais testemunhas, mas que «sai globalmente satisfeito» porque nem tudo foi deferido pela juíza.

Na opinião de Miguel Matias, «não deveriam ser ouvidas mais testemunhas, nem nenhuma diligência de prova deveria ser atendida», porque as testemunhas já tinham sido ouvidas e uma nova inquirição «não contribui para a descoberta da verdade», neste repetição parcial do julgamento, ordenada pelo Tribunal da Relação de Lisboa.

O advogado precisou que as testemunhas a serem ouvidas proximamente são dois familiares de Gertrudes Nunes e uma professora de uma das vítimas.

Pedro Dias Pereira, advogado oficioso de Carlos Silvino (Bibi), não quis adiantar pormenores sobre a estratégia da defesa, mas deu a entender que o seu constituinte, apesar de ter pedido para falar em tribunal, poderá remeter-se ao silêncio.

Durante a audiência de hoje, a segunda do processo, que durou menos de uma hora, a juíza presidente Ana Peres respondeu aos pedidos dos advogados de defesa dos arguidos Carlos Cruz, Carlos Silvino, Hugo Marçal e Gertrudes Nunes, dona da casa de Elvas, para inquirição de novas testemunhas, aceitando algumas das propostas e recusando outras.

O tribunal deixou para mais tarde a decisão de ouvir de novo, ou de não ouvir, as vítimas (assistentes no processo).
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