Allan Sharif: pasta preta «essencial» reaparece - TVI

Allan Sharif: pasta preta «essencial» reaparece

Julgamento de Allan Sharif (Nuno André Ferreira/Lusa)

Mas arguidos negam reconhecer documento que estará relacionado com rapto de empresário canadiano

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O tio do luso-americano Allan Guedes Sharif e mais cinco arguidos negaram hoje, no Tribunal de Mangualde, reconhecer um documento manuscrito supostamente relacionado com o rapto do empresário canadiano Timothy Von Kaay, em fevereiro de 2007.

Allan Sharif e mais oito arguidos - incluindo o tio, José Guedes - estão a ser julgados pela coautoria dos crimes de associação criminosa, rapto, extorsão, branqueamento e falsificação de documentos.

Em agosto de 2010, Allan Sharif e José Guedes já tinham sido condenados a penas de prisão de 17 e 12 anos, respetivamente, pelos crimes de burla qualificada, extorsão e branqueamento de capital que lesaram instituições financeiras de vários países.

Durante o julgamento desse caso, a então advogada de José Guedes aludiu, em várias sessões, a uma pasta preta que tinha sido levada da casa do seu cliente, essencial para a defesa, e que alegadamente andava desaparecida.

Ricardo Sá Fernandes, advogado de José Guedes no atual processo, explicou aos jornalistas que a pasta preta foi agora encontrada dentro de uma pasta castanha de cabedal que estava na arrecadação do tribunal.

«Já fiz uma participação ao Ministério Público, porque não se percebe como é que isto é possível», afirmou.

Dentro da pasta preta, estava um documento que supostamente foi manuscrito durante os dez dias em que Timothy Von Kaay terá estado em cativeiro, tendo neste período sido hospedado em várias unidades hoteleiras da Covilhã, Nelas, Viseu e Guarda.

O documento - que hoje foi mostrado a vários arguidos - tem escritos valores de supostas transferências, o nome de um advogado da região e o de um dos arguidos, Vítor Ribeiro, e números de contas bancárias.

Vítor Ribeiro admitiu serem números de contas suas, mas negou alguma vez ter visto aquele papel. Também os arguidos José Guedes, Paulo Almeida, Eduardo Matos, Carlos Matos e Francisco Menano negaram ter visto o documento ou reconhecer nele a letra de alguém.

Allan Sharif declarou que na sessão de hoje não se queria pronunciar sobre o documento e que o fará noutra ocasião.

Ricardo Sá Fernandes pediu que a perícia solicitada à Polícia Judiciária incidisse na caligrafia de todos os arguidos, exceto Paulo Martins e Flávio Silva (que terão tido apenas a função de guardar Timothy Von Kaay), e não apenas na do seu cliente.

No entanto, o presidente do coletivo de juízes entendeu que «se revela apenas essencial determinar se alguma caligrafia do documento pertence ou não ao arguido José Guedes».

Na sessão de hoje, foram alteradas as medidas de coação aplicadas a José Abreu e Vítor Ribeiro (que estavam em prisão domiciliária) para obrigação de se apresentarem três vezes por semana às autoridades.

Na sessão de 05 de junho, Allan Sharif confessara ter constituído uma associação criminosa com o objetivo de burlar o empresário canadiano, mas negou que o plano inicial incluísse o seu rapto.

Nesse dia, Allan Sharif isentou de culpa o seu tio, que disse não saber dos objetivos do grupo, e também os seguranças Paulo Martins e Flávio Silva, que apenas foram informados de que Timothy Von Kaay era «uma pessoa querida» que deviam acompanhar e proteger.

De acordo com a acusação, o plano passava por atrair Timothy Von Kaay a Portugal, «mantê-lo em cativeiro e incomunicável» e obrigá-lo, «com recurso à força e à intimidação», a fazer o máximo possível de transferências bancárias, «de valor previsto não inferior a 10 milhões de euros».

A próxima sessão do julgamento está marcada para 14 de agosto.
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