Gangue de Valbom: testemunha diz que foi pressionada pela PJ - TVI

Gangue de Valbom: testemunha diz que foi pressionada pela PJ

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Ajudante de ourives contrariou tudo o que disse anteriormente

Uma testemunha no processo do «gangue de Valbom», relacionado com o homicídio tentado a um agente da PJ e assaltos a ourives, negou esta quarta-feira conhecer um dos arguidos, contrariando o que, segundo os autos, terá garantido anteriormente.

A testemunha em questão, um ajudante de ourives, terá descrito à Polícia Judiciária, em 3 de setembro de 2008, o arguido Hélder Ribeiro como sendo o condutor de um veículo usado num assalto a um ourives da região centro. Terá confirmado essa informação 15 dias depois num reconhecimento presencial e, segundo fontes conhecedoras do processo, repetiu-o em anterior julgamento do «gangue de Valbom».

Esta quarta-feira, no entanto, disse aos juízes da 2.ª Vara Criminal do Porto que foi pressionado pela PJ a associar Hélder ao gangue e sublinhou que agiu «sem consciência», ou seja, sem a perceção de que estava a incriminar uma pessoa que poderia não estar envolvida nos factos.

Mesmo depois de convidado a olhar todos os arguidos, manteve que não reconhecia qualquer um deles e garantiu que, com este seu depoimento, não estava a agir por receio.

O Ministério Público reagiu, pedindo a convocação do inspetor que dirigiu o reconhecimento. Solicitou ainda que a testemunha voltasse a tribunal nessa mesma altura, com vista a uma eventual acareação.

A defesa de Hélder Ribeiro considerou que o reconhecimento atribuído ao seu cliente acabou configurar o uso de «prova proibida».

A maior dificuldade da acusação neste processo está na associação dos arguidos aos crimes que lhe são imputados, uma vez que agiram encapuzados.

O «gangue de Valbom», que já foi julgado em 2010 por vários crimes, responde agora por outros atos violentos, incluindo assaltos a ourivesarias e a tentativa de homicídio do inspetor da PJ Carlos Castro.

Um encapuzado atingiu Carlos Castro a tiro de «shotgun», em 16 de abril de 2008, quando o inspetor chegava a casa, na viatura pessoal, com os seus dois filhos menores. Ficou ferido no rosto, no pescoço e numa mão, sendo submetido já a diversas cirurgias estéticas.

Além do homicídio tentado do inspetor, o processo agora em julgamento, com um total de 11 arguidos (um 12.º morreu entretanto), reporta-se a diversos episódios violentos ocorridos em 2008, nomeadamente assaltos a ourives.
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