GNR acusado de tentar matar ocupantes nega intenção - TVI

GNR acusado de tentar matar ocupantes nega intenção

GNR acusado de homicídio tentado diz que começou por fazer disparo «de advertência»

Um militar da GNR acusado de tentar matar dois dos quatro ocupantes de um carro em fuga, em outubro 2006, no Porto, disse em tribunal esta segunda-feira que, «inicialmente», efetuou um "disparo para o ar, de advertência».

O agente arguido, Pedro Carvalho -que começou hoje ser julgado na 2.ª Vara Criminal do Porto, no Tribunal de São João Novo - já tinha sido condenado, em novembro, a três anos de prisão, com pena suspensa, porque na mesma ocasião matou a tiro um dos passageiros da viatura e provocou ferimentos graves noutro.

Pedro Carvalho voltou hoje ao tribunal para novo julgamento, desta feita sob a acusação de tentativa de homicídio dos dois passageiros da viatura que seguiam no banco da frente.

O caso ocorreu na madrugada de 03 de outubro de 2006 e começou quando uma patrulha da GNR tentou abordar uma viatura nas Guardeiras, na estrada nacional Porto-Póvoa de Varzim, alegadamente porque os seus ocupantes não levavam cinto de segurança.

O carro pôs-se então em fuga, tendo o seu condutor, Bruno Coutinho, que se encontra preso devido a outro processo, alegando que não tinham seguro e inspeção feita, que ele próprio «estava embriagado» e um dos ocupantes levava haxixe.

Os agentes perseguiram a viatura, mas foi outra patrulha que a fez parar após os disparos efetuados por Pedro Carvalho, já no Porto, junto à Escola Secundária Garcia de Orta.

O arguido diz que procurou fazer com que a viatura parasse, lançando avisos luminosos e sonoros - estes através de um megafone e «várias vezes» - mas que tal não surtiu efeito, o que o levou então a utilizar uma das armas que tinha ao seu dispor, uma pistola-metralhadora SAF Famae, de fabrico chileno.

Pedro Carvalho disse que escolheu essa arma e não a sua pistola, uma Browning, por ser «mais precisa e muito fiável» e porque, referiu, foi concebida para «abordagens dinâmicas», como era, afinal, aquela.

Afirmou também, em resposta ao juiz que o inquiriu, que não sabia que a viatura transportava quatro pessoas, duas delas no banco traseiro, que acabaram por ser baleadas, uma delas mortalmente.

«Calculei todos os riscos», acrescentou também.

O militar arguido disse que «inicialmente, foi efetuado, um disparo para o ar, de advertência».

«Não houve tiro para o ar nenhum», contestou, porém, o condutor da viatura em fuga, Bruno Coutinho, ouvido também hoje.

O que Bruno Coutinho disse foi que «houve dois momentos com tiros», um dos quais «uma rajada quando estava quase a parar».

Pedro Carvalho afirmou que fez «mais dois disparos» na direção dos pneus e depois «três disparos».

O ocupante que seguia no lado direito do banco direito foi atingido com «dois tiros» no tórax e morreu e o passageiro que seguia ao seu lado também foi atingido, tendo ficado ferido.

O julgamento continua dia 03 de fevereiro, às 09:30, conta a Lusa.
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