«Mentiroso», diz Ferreira Torres - TVI

«Mentiroso», diz Ferreira Torres

Julgamento de Avelino Ferreira Torres

Ex-presidente da Câmara do Marco de Canaveses acusa procurador do Ministério Público de «mentir»

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O ex-presidente da Câmara do Marco de Canaveses, Avelino Ferreira Torres, acusou esta quarta-feira o procurador do Ministério Público de «mentir» nas alegações finais do processo em que está a ser julgado mas, no interior do tribunal, não repetiu a acusação que fez perante os jornalistas.

«O procurador mentiu»

«O senhor procurador é que tem de pedir desculpa das mentiras que disse ali. O procurador mentiu», afirmou o ex-autarca num intervalo da audiência e no exterior da sala.

«Ele dava a impressão que estava num comício. Não sei se sabem que ele foi candidato à Câmara de Vila Nova de Foz Côa e perdeu. É por isso que ele anda assanhado», acrescentou Avelino Ferreira Torres.

O procurador disse nas alegações finais que ficaram provados quatro crimes - corrupção, peculato de uso, abuso de poder e extorsão, tendo retirado dois de abuso de poder, um deles por terem prescrito os factos.

Avelino Ferreira Torres disse aos jornalistas «que o procurador mentiu em quase tudo o que disse». O ex-autarca anunciou que quinta-feira vai prestar declarações relativamente a duas queixas-crime que tem contra o procurador Remízio Melhorado «por ele não ser isento».

«Julguei que eram todos sérios»

«Eu julguei que os procuradores eram todos sérios e este não está a ser», acrescentou.

Terminadas as alegações da defesa, a juíza-presidente deu a palavra ao arguido mas advertiu-o que só poderia defender-se de factos que ainda não tivessem sido referidas no tribunal e que não poderia dirigir-se directamente ao procurador do Ministério Público.

No interior da sala de audiências, Avelino Ferreira Torres respeitou as regras ditadas pela juíza e não ousou chamar mentiroso ao procurador.

«Espada apontada ao Avelino»

«O procurador comecou bem e terminou mal», disse Torres, acusando o Ministério Público de «ter sempre aquela espada apontada ao Avelino Ferreira Torres».

«Quero pedir desculpa por alguma coisa que aqui se passou e em que eu tivesse feito de modo incorrecto», desculpou-se, dirigindo-se à juíza-presidente, Teresa Silva. «Ao senhor doutor procurador não peço desculpa nenhuma», frisou.

Quer a defesa do autarca quer o próprio arguido tentaram descredibilizar a testemunha José Faria, em cujo testemunho assenta a argumentação do Ministério Público para imputar a Avelino Ferreira Torres o crime de extorsão, o mais grave de todos, com uma moldura penal de três a 15 anos de prisão.

A defesa também alegou que relativamente ao crime de corrupção, a existir ilícito foi em benefício de um clube de futebol.

«Há um cheque entregue ao arguido que este deposita na sua conta», insistiu o Ministério Público. «Não são as especulações do senhor procurador que fazem prova», retorquiu o mandatário de Avelino Ferreira Torres, Nuno Brandão.

«Testa de ferro»

O advogado de defesa pediu a absolvição de todos os crimes imputados ao arguido, assegurando que este não teria nenhum interesse em utilizar Faria como «testa de ferro». «Até haveria risco. Corre-se o risco de um dia [o testa de ferro] não honrar a palavra», aludiu.

No encerramento da audiência, Avelino Ferreira Torres lamentou ter ido para a campanha de Amarante, em 2003, e ter perdido o controlo sobre José Faria, de quem «foi muito amigo e ajudou a recuperar da dependência do álcool».

Sem esclarecer as razões da zanga entre ambos, o ex-autarca afirmou ao tribunal «que o início deste processo começou com um negócio de cabritos, na Feira Nova», acusando a família de José Faria de influenciar o seu antigo subordinado. O tribunal do Marco de Canaveses agendou a leitura do acórdão para 26 de Março.
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