Casa Pia: Ferreira Dinis ataca «deficiências» da acusação - TVI

Casa Pia: Ferreira Dinis ataca «deficiências» da acusação

Ferreira Dinis à chegada ao Tribunal de Monsanto

Arguido justifica porque é que a defesa optou por descredibilizar vítimas

O arguido Ferreira Diniz apontou esta segunda-feira as «deficiências» da acusação no processo Casa Pia como responsáveis pelo facto de a sua defesa e a dos restantes réus insistirem na descredibilização das alegadas vítimas que os acusam de crimes sexuais, noticia a Lusa.

«Lamento», disse o médico, quando confrontado com a estratégia que tem sido comum à defesa dos arguidos de colocarem em causa a veracidade e credibilidade dos depoimentos prestados pelas testemunhas/vítimas, atribuindo essa necessidade às falhas da investigação.

O réu falava à agência Lusa no final do primeiro dia de alegações finais da sua defesa a cargo dos advogados Maria João Costa e Justino Costa, no decorrer do julgamento no Tribunal Criminal de Monsanto, em Lisboa.

«Extremamente manipulador»

Maria João Costa focalizou as suas alegações na tarde desta segunda-feira num jovem que, segundo disse, reporta-se exclusivamente a alegados abusos cometidos por Ferreira Diniz.

A advogada invocou uma série de comportamentos do jovem e aspectos da sua personalidade para concluir que é «extremamente manipulador» e não teria mesmo capacidade para testemunhar em tribunal.

Para comprovar, citou um relatório pericial onde um especialista defende que o rapaz não reunia condições psicológicas para ser ouvido em tribunal e enumerou os diversos tratamentos e internamentos psiquiátricos a que o jovem foi submetido, que não impediram uma tentativa de suicídio.

A oposição sistemática do procurador do Ministério Público e dos advogados da Casa Pia a que fossem lidas em julgamento anteriores declarações da testemunha na fase de investigação foi também alvo de críticas, por deste modo não poderem ficar provadas alegadas contradições entre o que foi dito aos investigadores e o que foi afirmado perante o colectivo de juízes.

João Ferreira Diniz, um dos sete arguidos no processo, é acusado de 18 crimes de abuso sexual na pronúncia, tendo o Ministério Público pedido a condenação por 12 deles.

No banco dos réus sentam-se ainda o ex-motorista da Casa Pia e principal arguido, Carlos Silvino, o apresentador de televisão Carlos Cruz, o embaixador Jorge Ritto, o antigo provedor adjunto da instituição de ensino Manuel Abrantes, o advogado Hugo Marçal e Gertrudes Nunes, proprietária de uma casa em Elvas onde as alegadas vítimas dizem ter siso abusadas.
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