Citius gerou situação «muito complexa»  - TVI

Citius gerou situação «muito complexa»

PGR Joana Marques Vidal

Procuradora Geral da República espera que haja capacidade técnica para ultrapassar este cenário rapidamente, sobretudo nas áreas do país mais afetadas

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A Procuradora Geral da República referiu, este sábado, que a situação da Justiça em algumas áreas do país é «muito complexa», na sequência da problemática gerada pela plataforma Citius.

«Nós esperamos que haja capacidade técnica para ultrapassar este cenário rapidamente, porque a situação nalguns sítios do país é muito complexa», declarou Joana Marques Vidal, em Ponta Delgada, aos jornalistas.

De acordo com a Lusa, a Procuradora Geral da República falava à margem da intervenção que proferiu no âmbito da Conferência Internacional de Direito dos Açores, promovida pelo Conselho Distrital dos Açores da Ordem dos Advogados Portugueses.

Joana Maques Vidal congratulou-se com a proposta legislativa que surge no sentido de suspender alguns prazos, que afirmou ser uma consequência de uma deliberação do Conselho Superior do Ministério Público e do Conselho Superior da Magistratura, uma vez que irão ser «assegurados alguns direitos dos cidadãos».

«É preciso, realmente, conseguir ultrapassar esta deficiência, havendo a capacidade de solucionar as questões no seu conjunto, não deixando para trás aquilo que é também a atividade do Ministério Público», defendeu a magistrada.

Joana Marques Vidal quer acreditar que se está a tempo de «conseguir ultrapassar a situação», muito embora tenha consciência que «é difícil».

A Procuradora Geral da República afirmou «ser importante que se comece a preparar uma futura plataforma informática que dentro de dois ou três anos substitua a atual».

«Esta situação, como já foi reconhecido por todos, e designadamente pelos responsáveis políticos, causa transtorno. Ninguém desejaria que ela tivesse acontecido, provocará, com certeza, os seus danos. Vamos trabalhar todos», declarou.

A magistrada sublinha que «já foram assumidas algumas responsabilidades», esperando que continuem a ser, «para que o cenário não se transforme num "crash" generalizado».

Joana Marques Vidal considerou que o processo penal está a ser confrontado com novos desafios impostos pela globalização.

No âmbito da luta contra o terrorismo questionou se os cidadãos estarão dispostos a abdicar de um conjunto de direitos, afirmando que, em alguns países, a legitimação desses mesmos direitos já está a ser questionada em nome da segurança.

A Procuradora Geral da República interrogou-se, por outro lado, sobre se o atual modelo de processo penal não está «demasiado» garantido e se não «bloqueia» o exercício da Justiça.

Joana Marques Vidal destacou, por outro lado, que os modelos penais têm vindo a destacar, nos últimos anos, o papel da vítima, estando mesmo muito centrado nestes, dando o exemplo do que tem acontecido com a consagração em lei do caso dos direitos das mulheres e crianças.

A oradora referiu ainda que o papel da vítima «coloca um conjunto de problemas» que devem ser alvo de reflexão, tendo subscrito um sistema em que prevaleça o «equilíbrio».
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