Protesto contra morte de jovem pela polícia na Amadora - TVI

Protesto contra morte de jovem pela polícia na Amadora

Cerca de uma centena de manifestantes reuniram-se junto à esquadra de Casal da Boba

Cerca de cem pessoas estão concentradas este sábado junto à esquadra da PSP em Casal da Boba, Amadora, para protestar contra a morte de um jovem de 14 anos baleado domingo por um agente da PSP, noticia a agência Lusa.

Além dos manifestantes, na sua larga maioria jovens, encontravam-se no local dirigentes e simpatizantes de movimentos cívicos, como António Pedro Dores, presidente da Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento (ACED), e o antigo aluno casapiano e advogado Pedro Namora que colabora com a ACED.

António Pedro Dores e Pedro Namora disseram aos jornalistas estarem presentes nesta manifestação em solidariedade com a família da vítima, tendo o primeiro criticado a falta de respeito das autoridades para com os familiares do jovem baleado não lhes dando qualquer tipo de informação sobre as investigações.

«Nós compreendemos bem a angústia da família perante uma situação dramática sem nenhum respeito das autoridades», disse António Pedro Dores aos jornalistas. Segundo o dirigente da ACED, «a questão central é que se estão a matar pessoas».

«Justiça em Portugal funciona mal a todos os níveis»

Aludindo a informações divulgadas na imprensa, segundo as quais o tiro fatal teria sido disparado a cerca de 10 centímetros da cabeça do jovem, António Pedro Dores defendeu que os cidadãos portugueses independentemente da classe social a que pertencem devem ter «garantias» de que «coisas destas são para ser investigadas e julgados de facto».

Realçou ainda que existe na sociedade portuguesa uma «insegurança» relativamente à capacidade da justiça «fazer investigações sérias e chegar a conclusões».

Questionado sobre se tem algum elemento ou indício que lhe permita dizer que estão a tentar abafar este caso, António Pedro Dores rejeitou qualquer «teoria da conspiração», mas sublinhou que «a justiça em Portugal funciona mal a todos os níveis».

O mesmo responsável da ACED criticou também a forma de actuação policial nos chamados bairros problemáticos, considerando que muitas vezes este comportamento serve apenas para fins políticos de algum ministro «mais inseguro».

Pedro Namora disse aos jornalistas estar «solidário com esta luta que visa protestar contra a violência policial».

O advogado criticou o facto de alguns responsáveis políticos tentarem «identificar a violência com os negros e os ciganos».

«Mais de que um problema rácico é um problema das pessoas pobres», referiu Pedro Namora, alegando que se o tiro foi disparado a 10 centímetros da vítima isso «é claramente um homicídio e uma execução».

O jovem foi baleado domingo à noite por um agente à civil da PSP na sequência de uma perseguição na freguesia da Falagueira (Amadora). Segundo o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP informou na altura, a vítima ameaçou a polícia com uma «pistola de calibre 6.25 mm adaptada».
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