Ainda não se sabe o que causou a explosão num paiol de pirotecnia em Avões, Penajóia, concelho de Lamego, que provocou pelo menos cinco mortos, revelou Jorge Gomes, Secretário de Estado Administração Interna.
Os operacionais estão a fazer pesquisa numa área bastante grande de terreno. A explosão foi de uma dimensão fora do normal e isto obriga a que tenha de ser batida uma área bastante grande para tentarmos ver se encontramos as três pessoas desaparecidas. Ainda não [se sabe o que causou a explosão]. Ainda está a ser estudado neste momento", afirmou no local.
O secretário de Estado afirmou que "ainda é prematuro" falar na remoção dos corpos do local porque, apesar de "nada estar a dificultar as operações", "ainda não há corpos identificados".
A única coisa que estamos a fazer é a procurar as três pessoas desaparecidas", acrescentou.
No local, estão a delegada do Procurador da República de Vila Real, a GNR, a PJ, o INEM, os bombeiros, a Autoridade Nacional de Proteção Civil, a PSP, o Instituto de Medicina Legal do Porto e a delegada de saúde.
Os 75 operacionais que se encontram no terreno estão a fazer pesquisas numa área bastante grande. A explosão foi de uma dimensão fora do normal e obriga a que tenha de ser batida uma área bastante grande para tentarmos ver se encontramos as três pessoas desaparecidas”, referiu, acrescentando que as buscas estão a decorrer num diâmetro de 600 metros.
A explosão aconteceu ao final da tarde de terça-feira, numa altura em que estariam "sete ou oito pessoas no local".
A Câmara de Lamego decretou três dias de luto municipal pela morte das cinco pessoas e garantiu que tudo irá fazer para ajudar as famílias das pessoas que morreram nas explosões ocorridas.
Na medida das possibilidades e dos recursos que estão ao nosso dispor, iremos tudo fazer para as ajudar a repor a sua vida normal. A cidade está de luto, estas freguesias particularmente estão de luto, posto que era uma família numerosa, de pessoas que eram respeitadas na freguesia e no concelho”, garantiu o autarca aos jornalistas.
Família era muito conhecida
O proprietário da fábrica de pirotecnia de Avões, em Lamego, e os seus familiares eram muito conhecidos na região por abastecerem grande parte das festas do Norte do país.
Em Ferreiros de Avões, onde o ‘fogueteiro' vivia há quase década e meia, toda a gente conhecia "o negócio próspero" que o senhor Egas tinha comprado no Lugar de Guediche e que acabou por fazer com que se mudasse de Baião para a zona, com toda a sua família.
Vivem cá em Ferreiros há mais de 10 anos, se calhar já há perto de 15 anos, depois de terem comprado a fábrica dos foguetes. Eram conhecidos aí em toda a região, pois eram eles que abasteciam tudo o que era festas", referiu Rogério Esteves.
Dono de um café frequentado pelo senhor Egas e pelos seus três genros, Rogério Esteves revelou que a Pirotecnia Egas Sequeira era o sustento de quase toda a família direta.
Eram eles a mão-de-obra ao longo de quase todo o ano, mas depois, nas alturas que tinham mais trabalho, por ser época de festas, lá metiam mais uma ou duas pessoas a trabalhar. Tinham mesmo muito trabalho, o senhor Egas nos últimos dias até dizia que nem vinha ao café porque não tinham tempo", explicou.
À Lusa, Rogério Esteves explicou que trabalhavam na fábrica de pirotecnia o proprietário, a mulher, as três filhas, os três genros e uma sobrinha.
Era um negócio da família, só a filha mais velha é que não trabalhava lá todos os dias, pois ficava mais por casa a tomar conta dos filhos e dos sobrinhos. Também o filho deixou de lá trabalhar quando se casou", acrescentou.
50 acidentes de trabalho mortais ou graves este ano
A Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT) registou nos primeiros três meses do ano 50 acidentes de trabalho mortais ou graves, a maioria no mês de janeiro, segundo dados oficiais.
Os dados da ACT, atualizados na terça-feira, dia em que uma explosão em Lamego numa fábrica de pirotecnia provocou cinco mortos e três desaparecidos, indica que este ano foram registados 20 acidentes de trabalho mortais e 30 graves.
Nos últimos três anos, a ACT registou mais de 400 acidentes de trabalho com vítimas mortais.
Dos acidentes de trabalho registados este ano, a maioria concentrou-se no mês de janeiro (nove mortais e 28 graves).
Em março houve oito acidentes de trabalho mortais e em fevereiro três.
No ano passado a ACT registou 140 acidentes de trabalho mortais e 264 classificados como graves.
Os dados referem-se apenas aos acidentes de trabalho objeto de ação inspetiva no âmbito da atuação da ACT.
Por distrito, a maioria dos acidentes de trabalho com vítimas mortais detetados pela ACT este ano foram no Porto (7), seguido por Braga (3), Lisboa, Beja e Faro (2 cada).
No ano passado, foi no distrito de Lisboa que se registou o maior número de acidentes de trabalho com vítimas mortais (21), seguido do Porto (20 casos), Leiria (15), Santarém (13), Braga e Aveiro (12 cada) e Setúbal (11).
A maior parte das empresas onde se registaram acidentes de trabalho com vítimas mortais no ano passado eram pequenas, com até nove trabalhadores (57 casos), e a maior parte dos trabalhadores tinham contrato sem termo (62 casos).
Por setor de atividade, a maioria dos acidentes de trabalho com vítimas mortais ocorridos em 2016 foi na construção (43), seguido pelas indústrias transformadoras (28).
A ACT define como acidente de trabalho aquele que ocorre no local e no tempo de trabalho e produza direta ou indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho ou a morte.
São também considerados acidentes de trabalho os acidentes de viagem, de transporte ou de circulação, nos quais os trabalhadores ficam lesionados e que ocorrem por causa ou no decurso do trabalho, ou seja, quando exercem uma atividade ou realizam tarefas para o empregador.