Voz dos portugueses «está bem» - TVI

Voz dos portugueses «está bem»

Saúde (Foto Cláudia Lima da Costa)

No Dia Mundial da Voz médicos alertam para necessidade de prevenção

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A voz dos portugueses «está bem», melhoraram-se os cuidados da saúde vocal e os problemas detetam-se mais cedo. Ainda assim, os médicos lembram que é preciso ficar atento.

Luís Antunes, diretor do serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Garcia de Orta (HGO), a propósito do Dia Mundial da Voz, que se assinala no sábado, lembrou que «a patologia vocal é muito prevalente na população portuguesa», disse à Lusa.

«Estima-se que 10 a 20 por cento da população portuguesa tenha ou já tenha tido problemas de voz», afirmou. Ainda que sejam «principalmente problemas inflamatórios, associados a mau uso vocal, e que os problemas oncológicos abranjam apenas uma pequena franja da população, a prevenção é fundamental».

O médico explicou que os progressos da ciência e na sensibilização dos utentes para os problemas da voz têm resultado em menos casos graves e em maiores taxas de sucesso: «Os diagnósticos são feitos cada vez mais precocemente. Por isso, aquilo que é o estigma do cancro na laringe, a laringectomia, o ¿buraquinho no pescoço para respirar¿, é cada vez menos realizado», afirmou.

Contudo, o médico esclarece «que com um diagnóstico atempado acabamos por poder tratar estes doentes com métodos e cirurgias mais conservadores, que lhes permitem continuar a falar pelos seus meios naturais e não com meios artificiais», disse.

Em situações detetadas mais tardiamente acontece por vezes que os doentes «ficam a respirar por uma via alternativa». Nesses casos, «sofrem uma alteração do dia para a noite da sua vida pessoal, profissional, afetiva», o que o médico garante que não é apenas um problema do doente, mas da «família toda».

Luís Antunes aponta como factores de risco situações de poluição ou suspensão de partículas, que são «habituais» e fruto de uma combinação fatal em locais de trabalho: «O que se sabe é que o tabaco associado ao álcool tem uma probabilidade significativa de causar o aparecimento de lesões faríngeas ou laríngeas», afirmou.

«É preciso que as pessoas procurem o médico sempre que uma rouquidão que surja intermitentemente, sem estar associada a nenhuma constipação, dure há mais de sete dias», alertou o Luís Antunes para a necessidade da prevenção.

Francisco Canena, ex-fumador de 63 anos, ficou sem laringe há cinco, depois de lhe ter sido diagnosticado um tumor maligno. Agora está «impecável» e embora já não possa cantar o fado, pode contar a sua experiência aos outros doentes.

Luís Antunes explicou que Francisco é o doente tipo do cancro da laringe: «Homem acima de 50, 60 anos, fumador e com hábitos de ingestão alcoólica», afirmou e advertiu para «casos de tumores da laringe em pessoas novas, perfeitamente saudáveis, não fumadoras, não consumidoras de bebidas alcoólicas», o que também pode acontecer.

Francisco Canena é co-fundador do núcleo de laringetomizados do HGO, o MovApLar da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que é um movimento de ajuda, de partilha e de força para vários doentes.

«Damos força de vontade às pessoas, falamos com elas e com as famílias antes da operação. Vamos transmitir-lhes tudo o que sabemos, porque já passámos por isso. Depois fazemos visitas ao domicílio, ajudamos, quer nas mudanças práticas, quer com os custos daquilo que é preciso comprar depois da operação», contou Francisco Canena.

Para assinalar o dia mundial da voz, que se comemora no sábado, o serviço de Otorrinolaringologia do HGO organizou um concerto que vai pôr no palco da Incrível Almadense, às 21 horas, os Tocá Rufar, David Fonseca, The Legendary Tigerman, Vitorino, Nu Soul Family e os Hands on Approach. O valor dos bilhetes reverte a favor do núcleo de laringetomizados do HGO.
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