Tribunal absolve instrutor de artes marciais acusado de abuso sexual de menores - TVI

Tribunal absolve instrutor de artes marciais acusado de abuso sexual de menores

  • SS
  • 1 fev 2019, 13:13
Justiça (iStockphoto)

Homem estava também acusado de 47 crimes de pornografia infantil. O tribunal também alterou a qualificação dos factos, alterando os 47 crimes de pornografia de menores para um único. Instrutor foi condenado por este crime a nove meses de prisão, suspensa por um ano

O Tribunal de Leiria absolveu esta sexta-feira um instrutor de artes marciais de três crimes de abuso sexual de menores, considerando que não se provaram as acusações da alegada vítima.

António Eusébio, de 65 anos, estava acusado de três crimes de abuso sexual de menores e 47 crimes de pornografia infantil. O coletivo de juízes entendeu que não se provou que “alguma vez tenha tocado na menor, nem que lhe tivesse mostrado imagens de pornografia no seu telemóvel”.

Segundo o juiz presidente, “seria difícil acreditar que num pavilhão como o de Caldas da Rainha fosse possível acontecerem esses atos”.

O tribunal não acreditou nas declarações da menor e, de acordo com alguns testemunhos, até era uma miúda irrequieta, desobediente e várias vezes mexia no telemóvel que o arguido deixava em cima da secretária. É convicção do tribunal de que ela acedeu às imagens e vídeos por livre vontade”, declarou o juiz durante a leitura da sentença.

O tribunal também alterou a qualificação dos factos, alterando os 47 crimes de pornografia de menores para um único. O homem foi condenado por este crime a nove meses de prisão, suspensa por um ano.

O crime de pornografia de menores também é grave, mas o tribunal entende que a pena de nove meses é suficiente para que repense nessas atitudes.”

Comovido com a decisão, António Eusébio afirmou que sempre acreditou na justiça. “Sempre dei aulas de taekwondo, ensinei na zona centro do país durante anos. Muitas crianças foram minhas alunas. Hoje são homens e mulheres, já com filhos. Perdi a minha escola dentro daquela que é a minha terra adotiva – Caldas da Rainha -, as pessoas olhavam-me de lado. Foram dois anos e meio muito difíceis”, disse no final do julgamento.

O arguido confessou que lhe “destruíram a imagem” e que sofreu com as acusações, porque sempre lidou com crianças e nunca lhes tocou.

Para António Eusébio, será “complicado” retomar a atividade. “A Câmara Municipal das Caldas da Rainha, talvez por causa do alarme social, retirou a minha escola do pavilhão. Tive de criar monitores para manter a formação de algumas crianças. De 42 ou 43 alunos, hoje tenho três”.

“A minha vida em termos profissionais morreu. Não sei o que vai ser da minha vida”, lamentou.

O instrutor de artes marciais foi detido nas Caldas da Rainha por suspeita de abusar sexualmente de crianças em 2016.

Segundo declarações do coordenador da diretoria de Leiria da PJ, António Sintra, na altura, os crimes seriam praticados “no interior de instalações desportivas”, nas Caldas da Rainha, onde o detido era promotor de uma escola de taekwondo e defesa pessoal e instrutor de artes marciais.

Segundo a PJ, “a prática delituosa desenvolveu-se, pelo menos, durante o ciclo temporal correspondente ao último ano letivo”, envolvendo uma criança com idade inferior a 10 anos.

Em comunicado, a PJ informou ainda que foi efetuada uma busca domiciliária à casa do detido, na qual foram “detetados e apreendidos suportes digitais alojando ficheiros com origem na Internet que contêm imagens pornográficas de crianças”.

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