Após anos a estudar e enquanto não tem como pôr em prática a licenciatura que a ensinou a usar o dinheiro para ajudar os necessitados, Marta Coelho ganha a vida a fazer o oposto: serve bebidas aos ricos num casino.
«Esta é uma realidade oposta àquilo que estudei», disse à Lusa, explicando que o curso que fez lhe deu ferramentas para utilizar o dinheiro na ajuda aos mais desfavorecidos. «A assistente social dá o peixe e nós ensinamos a pescar», explicou.
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Depois de acabar a licenciatura de quatro anos na Universidade do Algarve, a bela, alta e magra Marta, de 24 anos, procurou trabalho ou um estágio profissional durante meses.
Como a única hipótese laboral que lhe surgiu foi participar num projecto na Guiné-Bissau que arrancará em Agosto, decidiu procurar uma forma de, entretanto, se manter independente.
Duas amigas que trabalham no mesmo casino deram-lhe a ideia de se transformar em «barwaitress», até porque o salário era simpático (cinco euros à hora e 8,5 euros a partir da meia-noite).
E é assim que, apesar nunca se ter imaginado a circular de bandeja na mão num casino, Marta serve agora bebidas aos jogadores e recolhe copos entre a roleta clássica e a electrónica, a banca francesa e americana, o «blackjack» ou as «slots».
Vestida com calção preto cintado, blusa preta e lenço branco ao pescoço à «coupier», Marta afirma que já perdeu três quilos no bailado que executa entre meio milhar de máquinas distribuídas pelas salas de jogo.
Licenciada em Julho de 2007 e à espera de rumar à Guiné para se realizar profissionalmente, admite que por enquanto o ideal é trabalhar 12 dias por mês no casino para conseguir tirar pelo menos o ordenado mínimo, mas a fasquia do salário pode aumentar com as gorjetas de jogadores mais mãos largas ou nos eventos em que se trabalha para além do turno.
A empresa Sol Verde, a que pertence o casino de Vilamoura onde Marta Coelho trabalha, disse à Lusa que «todos os licenciados ao serviço dos Casinos do Algarve estão a trabalhar em área adequada, à excepção de três», que desempenham funções de pagador de banca e de operador de computador. A mesma fonte explicou que as «barwaitress» não são trabalhadoras dos casinos, mas sim de uma empresa de trabalho temporário.
Da universidade para o casino
- Portugal Diário
- - Cecília Malheiro, Agência Lusa
- 25 fev 2008, 08:31
«Serve bebidas aos ricos» para juntar dinheiro e rumar à Guiné para se realizar profissionalmente
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