Manifestantes ocupam linhas e comboios - TVI

Manifestantes ocupam linhas e comboios

Protestos no Entroncamento, Coimbra, Barreiro e Porto. Linha do Norte cortada

Trabalhadores ferroviários que hoje participavam em manifestações em Coimbra, Entroncamento, Porto e no Barreiro intensificaram as suas ações de luta e decidiram ocupar comboios e cortar a circulação na Linha do Norte, disse o coordenador da Fectrans.

Os trabalhadores estão concentrados em protesto desde as 17:00 nas estações de Porto - Campanhã, Coimbra B, Entroncamento, Lisboa, Barreiro e Faro. Um comboio regional e um alfa pendular continuam hoje ao final da tarde retidos na estação do Entroncamento e impedidos de prosseguir a sua marcha por cerca de uma centena de pessoas que ocupam a linha férrea.

O coordenador da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), José Manuel Oliveira, que está na manifestação em frente à administração da CP em Lisboa, disse à agência Lusa que alguns dos manifestantes avançaram para a ocupação de comboios ou o bloqueio da circulação.

No Entroncamento, a PSP disse à Lusa que vários manifestantes estão a bloquear a circulação na Linha do Norte. Em Coimbra, os manifestantes ocuparam um comboio Alfa Pendular que circulava no sentido Porto - Faro, por uma centena de trabalhadores ferroviários reformados e familiares.

José Manuel Oliveira indicou que no Barreiro também um comboio foi «ocupado simbolicamente», mas que os manifestantes já o abandonaram.

Na estação de Porto Campanhã, constatou a Lusa no local, algumas centenas de manifestantes chegaram a fazer parar dois comboios no sentido sul - norte, mas a sua circulação já foi restabelecida.

«São decisões que são tomadas localmente em função da revolta dos trabalhadores. É uma revolta que estão a exprimir», disse o porta-voz dos trabalhadores da CP.

O sindicalista admitiu que estas ações de luta possam ocorrer noutras estações onde os protestos estão marcados e disse que não há uma previsão para o seu final.

José Manuel Oliveira tinha já explicado que este «dia de resistência e de luto da família ferroviária», tinha como «objetivo contestar um conjunto de medidas que estão a ser tomadas que visam atingir os direitos dos trabalhadores e estão a destruir a componente social dos caminhos-de-ferro».

A Lusa tentou obter uma reação por parte da CP, mas até ao momento não foi possível.

Um membro da Comissão de Trabalhadores da CP, António Maló, disse que o protesto realizado «reflete a indignação» dos ferroviários no ativo, reformados e seus familiares.

«As pessoas sentiram-se no direito de chamar a atenção» do Governo e das administrações das empresas que integravam a antiga CP, declarou António Maló à agência Lusa.

O representante dos trabalhadores da CP disse que a ação de protesto «foi além das expectativas» em termos de mobilização, tendo participado «entre 200 a 300 pessoas», segundo a sua estimativa.

«O corte das concessões (títulos que permitem viagens gratuitas) tocou também aos reformados», salientou António Maló.

As concessões «não são nenhuma regalia, fazem parte dos vencimentos», acrescentou.

«Há reformados com passes vitalícios. Qual é a moral da destas empresas?», questionou o dirigente da Comissão de Trabalhadores da CP, indicando que o bloqueio da circulação do Alfa Pendular «não foi previsto» pelos promotores do protesto, tendo antes partido da iniciativa de um grupo de reformados.

O coordenador da União dos Sindicatos de Coimbra (USC/CGTP), António Moreira, também está no local, em solidariedade com os manifestantes.

No total, segundo representantes dos trabalhadores, quatro comboios regionais foram impedidos de circular ou viram retardada a sua circulação, a par de um comboio intercidades que fazia a ligação Lisboa-Guimarães e um alfa pendular que fazia o percurso Lisboa-Porto.

Notícia atualizada
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