Assaltos, agressões e esfaqueamentos. O que mudou na noite lisboeta? - TVI

Assaltos, agressões e esfaqueamentos. O que mudou na noite lisboeta?

Santos, Cais do Sodré e Bairro Alto têm sido locais de encontro para centenas de jovens. Os crimes violentos têm vindo a repetir-se e são várias as imagens partilhadas nas redes sociais

Lisboa tem sido palco de vários crimes violentos ao longo dos últimos dias. Assaltos, agressões e esfaqueamentos sucedem-se noite após noite, tendo já ocorrido uma morte por disparo de arma de fogo. Santos, Cais do Sodré e Bairro Alto são os locais mais preocupantes.

O aumento da criminalidade violenta na capital já levou a PSP a reforçar o efetivo de segurança nas principais zonas de diversão noturna.

Na manhã desta segunda-feira, surgiram novas imagens de um crime que terá ocorrido na madrugada anterior. Quatro homens, de cara destapada, derrubam, agridem e roubam um homem que acaba deitado na típica calçada lusitana.

O vídeo é chocante e voltou a aparecer tanto nas redes sociais como em grupos de troca de mensagens privadas.

O crime ocorreu em Santos. Mais um de recentes ataques na rua, frente a testemunhas e com um sentimento de impunidade em relação aos agressores.

Em resposta aos sucessivos casos, a PSP está a ponderar condicionar os acessos à zona de Santos, depois de já o ter feito no Cais do Sodré e no Bairro Alto.

Contactado pela TVI, o comissário Artur Serafim acrescenta que as autoridades estão ainda a equacionar um reforço do número de operacionais nestes pontos específicos da cidade.

Como fizemos nas zonas do Bairro Alto e Cais do Sodré, provavelmente, em Santos também vamos ter de começar a condicionar o acesso a determinadas zonas, uma vez que as vias não podem ficar interruptas”, explica o comissário Artur Serafim.

 

A PSP confirma, ainda, que os jovens que se mobilizavam no Cais do Sodré e Bairro Alto deslocaram-se para Santos, como resposta ao condicionamento dos acessos. A força de segurança está agora analisar a melhor metodologia para dissuadir os jovens e travar o aumento da marginalidade.

A PSP já tem vindo a fazer um reforço nestas zonas de diversão noturna. A questão é que tivemos uma deslocação de pessoas das zonas do Cais do Sodré e Bairro Alto para a zona de Santos e tivemos de deslocar o nosso efetivo para essa zona. Se há necessidade de mais polícias? Nós iremos rever se há necessidade de mobilizar mais polícias ou condicionar os acessos às zonas para não concentrar tantas pessoas”, culmina.

O que está na origem das concentrações de centenas de jovens?

O perigo parece agora ser maior nas zonas de diversão noturna de Lisboa, mas nada parece demover os grupos de jovens que rumam quase religiosamente a Santos, Cais do Sodré e Bairro Alto.

O êxodo noturno surgiu, sobretudo, após os recentes alívios das medidas de contenção da pandemia de covid-19 e terá sido potenciado pela não abertura das discotecas.

À TVI, a psicóloga Melanie Tavares explica que as necessidades humanas explicam estes aglomerados. Ou seja, a privação de contacto com os amigos aliada à incapacidade, devido aos confinamentos, de conhecer novas pessoas foram os catalisadores para esta nova realidade.

Neste momento, os grupos estão ali. Os jovens tendem a procurar grupos com que se identificam e conhecer pessoas novas. Todos nós estávamos ávidos deste contato social. Têm necessidade de ser aceites, estar com os pares e irem para os lugares da moda. Tem a ver com esta necessidade de pertença”, considera Melanie Tavares.

A especialista lembra ainda que os pais têm um papel fulcral no controlo desta situação. Diálogo e preocupação podem ser as melhores armas para diminuir os riscos aliados a esta nova realidade nas zonas de diversão noturna da capital.

É preciso regular [o comportamento dos jovens] e estamos a apelar aos pais que sejam mais presentes e tenham mais diálogos para que consigam perceber onde é que os filhos estão. Aquilo que nos parece é que existem jovens de tenra idade, crianças de 14/15 anos, que já frequentam estes espaços noturnos”, refere a psicóloga.

 

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