CML: empréstimo para recuperação urbana - TVI

CML: empréstimo para recuperação urbana

  • Portugal Diário
  • 9 mar 2008, 14:10
Prédios degradados no Bairro de Alfama (João Relvas/LUSA)

Bairros antigos sem população nem comércio. Dinheiro servirá para retomar obras paradas

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A Câmara de Lisboa quer contrair um empréstimo para financiar a recuperação urbana do casco velho da cidade, «um buraco» financeiro e social, com bairros como Alfama e Castelo a definharem há anos sem população nem comércio, escreve a Lusa.

O empréstimo, cujo valor não está definido e que a autarquia está a negociar com o Banco Europeu de Investimento, segundo disse o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado (PS), servirá para dar um novo arranque a obras que estão paradas há anos e permitir realojar as pessoas retiradas de casa, com quem a autarquia gasta 1,2 milhões de euros por ano em rendas.

O vereador não tem dúvidas em afirmar que «este é um dos maiores escândalos da cidade» e que «o que se tem feito nos últimos dez anos em reabilitação urbana é um exemplo de ineficácia e inoperância», acrescentando que «os caminhos para sair deste buraco não são fáceis».

Para o executivo, a solução passará por «pedir um empréstimo para a reabilitação urbana que não entra no cálculo dos limites de endividamento» da Câmara, para «resolver as situações acumuladas».

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Maria do Carmo Dias, de 57 anos, saiu da sua casa no bairro do Castelo há nove anos, esperando, na pior das hipóteses, ficar dois anos fora - com renda paga pela autarquia - e então voltar para a sua casa renovada.

Olha com desânimo para a fachada da casa onde morava, a única coisa que resta do prédio de três andares, demolido por dentro, e continua sem saber por que razão não se fizeram as obras.

«Não fui eu que criei esta situação, da maneira como este país e esta câmara estão, até me sinto mal em receber 600 euros de renda há tantos anos. Com esse dinheiro, já tinham feito as obras na casa», afirmou.

Desertificação do bairro

Eduardo Street, morador em Alfama, está habituado a ver há anos a desertificação do bairro, de onde saíram muitas pessoas que agora «só pedem para vir morrer à sua casa» e que continuam à espera das obras de reabilitação.

Pelas ruas de Alfama vêem-se prédios arruinados, entaipados, com andaimes, praticamente porta sim, porta não, ao lado de outros realmente recuperados, pelo menos exteriormente, graças «à iniciativa privada, que é a única coisa que vai resultando».

Muitos senhorios, feitas as obras, esquivam-se aos contratos legais de arrendamento, de que os inquilinos também prescindem, especialmente depois do fim dos apoios ao arrendamento jovem, afirma Eduardo Street.

Resultado: vieram pessoas novas morar para o bairro, mas são principalmente jovens estudantes e imigrantes, que «são bem vindos, mas não vieram para ficar».
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