Recivalongo recusa estar a fazer descargas não autorizadas no aterro em Sobrado - TVI

Recivalongo recusa estar a fazer descargas não autorizadas no aterro em Sobrado

  • HCL
  • 3 mar 2020, 19:34
Moradores de Valongo dizem que vivem dentro de uma lixeira

Empresa considera que as suspeitas da autarquia de Valongo são "falsas e infundadas"

 A Recivalongo garantiu esta terça-feira que “não houve nem haverá qualquer descarga não autorizada de resíduos no aterro” que gere em Valongo, considerando “falsas e infundadas” as suspeitas da câmara que acusou a empresa de “crime ambiental”.

Esta terça-feira à Lusa, dias depois de conhecidas as conclusões da Comissão de Acompanhamento criada para avaliar a atividade da empresa no aterro em Sobrado, a Recivalongo indicou que as “descargas de resíduos são realizadas apenas durante o horário de abertura ao público, entre as 08:00 e as 17:00, de segunda a sexta-feira, e devidamente reportadas ao Sistema Integrado de Licenciamento do Ambiente”.

Fora deste horário, são apenas realizadas, pontualmente, operações de manutenção das infraestruturas”, acrescenta.

Em 24 de fevereiro, o presidente da autarquia, José Manuel Ribeiro, informou que a Recivalongo “foi multada recentemente em 44 mil euros por reincidir nas descargas ilegais para a ribeira de Vilar”, tendo sido contabilizada “carga contaminante superior a 300% ao valor permitido”.

A CA concluiu na sexta-feira, após a quarta reunião, estarem em cumprimento as três medidas determinadas a 18 de dezembro de 2019, tendo validado a continuação da atividade pela empresa.

A primeira delas foi “a redução ao mínimo da frente de trabalho de deposição dos resíduos, bem como a obrigação da cobertura diária da totalidade dos resíduos depositados, através da aplicação de camadas de terras com 15 a 25 centímetros de altura, conforme previsto no Manual de Exploração do Aterro”.

Seguiu-se “a cobertura, por telas provisórias, da área da atual célula de deposição de resíduos, tendo por objetivo reduzir ao mínimo a área exposta à formação de lixiviado e a área presumível na geração e libertação de odores”, completando com o “finalizar da cobertura dos tanques da Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes, por forma a mitigar um dos possíveis focos de odores”.

Em resposta a uma pergunta da Lusa sobre o condicionamento do tráfego de camiões na Estrada Municipal (EM) 606 rumo à Recivalongo, manifestado pela autarquia, a empresa confirmou a receção do pedido da câmara a 19 de fevereiro.

Na resposta, frisou, foi “solicitado à autarquia de Valongo o acesso ao projeto, para poder entender e avaliar as medidas que podem vir a ser tomadas, estando naturalmente disponível para cooperar”.

No entanto, até ao momento, essa informação não foi disponibilizada pela Câmara Municipal de Valongo”, lê-se ainda na resposta.

Sobre a intenção da autarquia liderada por José Manuel Ribeiro “registar as matrículas numa plataforma, que será disponibilizada às forças de segurança”, a Recivalongo argumenta que “os veículos que entregam os resíduos no aterro são de terceiros e não propriedade” da empresa, razão por que “esta medida pode não ser compatível com o cumprimento do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados”.

A Recivalongo está no centro de uma polémica decorrente da gestão do aterro em Sobrado, responsabilizada pela população do concelho pelo “cheiro nauseabundo do ar” e pela “poluição da água da ribeira de Vilar” causada pelo facto de “deter mais de 420 licenças de gestão de resíduos” depois de ter iniciado funções em 2007 para tratamento de inertes industriais.

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