Laboratório da PJ: tempo de espera «é elevado» - TVI

Laboratório da PJ: tempo de espera «é elevado»

Apresentação de viaturas Cena do Crime

Director afirma que há 24 mil pedidos por ano para 200 investigadores, mas realça a eficiência da unidade: é sexta a nível europeu

«O Laboratório de Polícia Científica recebeu no ano passado 24 mil pedidos de exames, o que corresponde a dois mil exames por mês e a cerca de uma centena e meia todos os dias», refere Carlos Farinha, director do Laboratório Nacional de Polícia Científica (LPC), admitindo as «dificuldades resultantes de uma pendência acrescida».

O tempo médio de espera «é elevado», confirma o inspector sem concretizar, acrescentando que no laboratório trabalham cerca de «duas centenas de pessoas».

Durante uma conferência no IV Congresso Nacional de Criminologia, a decorrer no Porto, o investigador realçou ainda a ilusão que as séries televisivas criam nas populações, sobretudo no que diz respeito ao tempo da realização dos exames e à quantidade de informação constante nas bases de dados a que os investigadores têm acesso, criando a ideia de que a polícia é lenta. «Ninguém acede a tanta informação com um simples toque num botão», caso contrário, vaticina Carlos Farinha, «não teríamos um Big Brother, mas porventura um Big, Big, Big Brother».

Apesar destas diferenças entre a realidade e a ficção, o responsável reconhece que «ainda não estamos no patamar desejável. É preciso fazer e fazer em tempo útil. Cada vez mais a justiça que exigimos é para hoje e não para daqui a dez anos».

Análises a papel-moeda e exames toxicológicos representam a maioria dos exames pedidos, respectivamente com 35 e 27 por cento do volume de testes realizados, sendo que o recém empossado director do LPC ficou admirado com o elevado número de falsificações de moeda metálica. Seguem-se os testes de balística e, na cauda, encontram-se os exames de grafologia (escrita manual).

«Não sabia que havia tanta falsificação de moeda metálica», porventura relacionada com as dimensões da moeda. Um dado curioso, embora com «impacto reduzido em termos económicos».

Mais significativa é a falsificação do papel-moeda. Com a adesão ao euro, o LPC passou a ser também o Centro Nacional de Análises de Notas.

Prestes a celebrar 50 anos de actividade, o director refere os periódicos testes de eficiência. O mais recente, na área da toxicologia, cujos resultados acabam de chegar, coloca o LPC em sexto lugar entre 71 laboratórios analisados a nível europeu, na aproximação de resultados ao teste padrão. A independência técnica e científica do laboratório permitem que o trabalho possa sempre ser auditado.

Para agilizar o trabalho e permitir uma uniformização de procedimentos, será lançado esta quarta-feira um manual de práticas em cena de crime, uma espécie de guia que ainda não existia em Portugal. O Manual de Procedimentos na Inspecção Judiciária destina-se a todos os orgãos de polícia criminal.

«É preciso repensar a forma de fazer, por exemplo, recolha de vestígios», diz Carlos Farinha. O inspector dá exemplos: «entra-se de forma diferente num cenário de explosão ou num de homicídio».

Questionado sobre se este manual tem alguma ligação às críticas que foram feitas às autoridades portuguesas no âmbito do caso Maddie, o responsável considera «redutora esta associação».
Continue a ler esta notícia

EM DESTAQUE