Portugueses retidos em Wuhan começam a ficar sem mantimentos - TVI

Portugueses retidos em Wuhan começam a ficar sem mantimentos

  • CE
  • 24 jan 2020, 16:16

Luís Estanislau, treinador adjunto do clube de futebol Hubei Chufeng Heli, chegou a Wuhan há dois dias e contou à TVI que só se apercebeu da gravidade da situação quando a cidade com 11 milhões de pessoas ficou deserta

Luís Estanislau, treinador adjunto do clube de futebol Hubei Chufeng Heli, chegou a Wuhan há dois dias e contou à TVI que só se apercebeu da gravidade da situação quando a cidade com 11 milhões de pessoas estava deserta. 

Deparamo-nos com uma cidade deserta, da qual não estávamos habituados. Uma cidade com 11 milhões tornando-se assim quase uma cidade fantasma", explicou.

Luís esteve no sul da China, com mais três portugueses que fazem parte da equipa técnica do clube, para um período de estágio e só conseguiam acompanhar o que se estava a passar através dos amigos ou do tradutor.

Nós inicialmente estávamos no sul da China a fazer um estágio, já sabíamos o que estava a acontecer na cidade, não tínhamos era a noção do quão grave era porque tudo aquilo que sabíamos era dito pelos nossos amigos ou o tradutor".

O português relatou que se vive um ambiente de grande preocupação e pânico. As pessoas estão todas fechadas em casa. Ninguém vai trabalhar e as crianças não vão à escola. 

Uma das grandes preocupações, senão mesmo a maior, é garantir mantimentos em casa durante alguns dias. A procura por bens alimentares é das únicas razões que levam as pessoas a sair à rua.

No dia em que tentámos viajar, mas que não conseguimos sair do país, fomos aos supermercados e, de facto, encontrámos um cenário de caos" e acrescentou "não comprámos tudo o que precisávamos, só comprámos uma garrafão de água porque não havia mais". 

Nesse mesmo dia, o grupo de portugueses contactou a companhia aérea que os informou que não estavam previstos voos até 29 de março. 

Sobre o trabalho levado a cabo pelas autoridades chinesas, Luís disse que a situação não parece estar controlado porque, caso contrário, não encerrariam uma cidade com 11 milhões de habitantes. No entanto, admite que esta medida, mais tarde ou mais cedo, teria de ser tomada.

TVI sabe que os portugueses em Wuhan ponderam pedir ajuda à Embaixada para sair do país caso a Organização Mundial de Saúde decrete emergência global de saúde pública.

O número de mortos na China devido ao surto de coronavírus detetado na cidade de Wuhan, no centro do país, subiu esta sexta-feira 26 e o de casos confirmados aumentou para 830, revelou a Comissão Nacional de Saúde.

Além da China continental, foram já detetados casos em Macau, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos.

As autoridades chinesas consideram que o país está no ponto "mais crítico" no que toca à prevenção e controlo do vírus e colocaram em quarentena, impedindo entradas e saídas, três cidades onde vivem mais de 18 milhões de pessoas — Wuhan, a as vizinhas Huanggang e Ezhou.

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