Taguspark: Paulo Penedos recusa acusação feita a Figo - TVI

Taguspark: Paulo Penedos recusa acusação feita a Figo

Em causa está o pagamento o apoio do ex-futebolista a José Sócrates, nas legislativas de 2009

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Paulo Penedos disse na segunda-feira não acreditar que o acordo entre o Taguspark e Luís Figo tenha servido para pagar o apoio do ex-futebolista a José Sócrates, nas legislativas de 2009.

Conforme Paulo Penedos disse aos jornalistas, foi-lhe garantido - sem adiantar quem lho terá dito - que o acordo entre o polo tecnológico e o ex-futebolista não era de «causa efeito», em relação à manifestação de apoio de Luís Figo ao candidato socialista às legislativas, uma manifestação de apoio que, segundo consta na acusação, se traduziu num pequeno-almoço público entre ambos, e uma entrevista ao Diário Económico.

O arguido do caso Face Oculta testemunhou hoje, no Tribunal de Oeiras, no âmbito do processo Taguspark, e justificou ao coletivo de juízes algumas das declarações que constam nas escutas telefónicas que deram origem ao processo, nomeadamente uma conversa com Marcos Perestrelo, do Partido Socialista.

Na conversa, Penedos diz a Perestrello que Rui Pedro Soares «conhece toda a gente», e que «os gajos em que ele tropeça do mundo da bola estão a apoiar o PS e Sócrates" e que, «depois, todos têm por trás contratos», falando então num acordo «pornográfico» entre o polo tecnológico e o ex-futebolista.

Na audiência de hoje, Paulo Penedos disse aos juízes que, quando se referiu a acordo «pornográfico», se referia ao elevado valor desse contrato, cerca de 750 mil euros, e que, nessas conversas, expressava a sua preocupação pela forma como, depois desse acordo, o apoio do Figo a Sócrates seria visto pela opinião pública.

«Eu não acredito que o Luís Figo se tenha levantado de manhã e tenha dito 'eu vou apoiar um partido'. E não acreditava (na altura) e por isso considerei pornográfico esse valor. Na altura, disse para se ter atenção, que isto podia ser lido assim (pela opinião pública), e por isso aqui estamos hoje», afirmou ao coletivo.

À saída do tribunal, justificou aos jornalistas: «O acordo podia ser visto de fora como causa (do apoio a Sócrates). Disse que não deve ser feito isto, muito menos por estes valores e muito menos num contexto encarniçado, em que a sociedade portuguesa estava à época».

Ainda na sala de audiência, Paulo Penedos tinha afirmado que nem ele nem Rui Pedro Soares misturaram as suas funções nas empresas (PT e Taguspark), com a atividade partidária ligada ao PS.

«Não podemos ignorar que, no espaço público, somos todos (vistos como) uns boys, e isso tem de acabar. O Rui Pedro Soares e eu nunca misturámos questões partidárias no desenvolvimento das nossas funções», disse.

Paulo Penedos vai continuar a ser ouvido na tarde de quarta-feira.

Para hoje estava prevista a audição do presidente da câmara de Oeiras, Isaltino Morais, que, no entanto, teria avisado o tribunal de que não poderia comparecer, uma vez que se encontra em Moçambique.

O processo Taguspark foi investigado na sequência de uma certidão extraída do processo Face Oculta, também relacionado com crimes económicos.

Américo Tomatti, à data dos factos presidente da comissão executiva do Taguspark, João Carlos Silva, antigo administrador do pólo, e Rui Pedro Soares, ex-administrador não executivo do polo tecnológico de Oeiras, estão acusados de corrupção passiva para ato ilícito.

O Ministério Público considera que os arguidos «sabiam ser administradores de uma sociedade de capitais maioritariamente públicos» e que, no exercício das suas funções, ao realizarem um contrato com Luís Figo, «determinaram-se por interesses estranhos à sociedade Taguspark», utilizando-a para beneficiarem terceiros.
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