Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica suspenso de funções, já chegou ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) - onde vai ser presente a primeiro interrogatório judicial, no âmbito do processo ‘cartão vermelho’, que investiga negócios e financiamentos suscetíveis de configurarem vários crimes.
Ao que a TVI conseguiu apurar no local, o empresário e os outros três detidos no processo chegaram cerca das 9:03, depois de terem pernoitado pela terceira vez consecutiva nas instalações do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, em Moscavide.
Luís Filipe Vieira, de 72 anos, será a última das quatro pessoas detidas no âmbito da investigação ‘Cartão Vermelho’ a ser ouvida pelo juiz Carlos Alexandre, antes da aplicação das medidas de coação.
Na sexta-feira, o empresário José António dos Santos foi o primeiro a prestar declarações, durante a manhã, seguindo-se, da parte da tarde, os interrogatórios de Bruno Macedo e de Tiago Vieira, filho de Luís Filipe Vieira.
Também na sexta-feira, Luís Filipe Vieira comunicou a suspensão do exercício de funções como presidente do Benfica – nas quais foi substituído por Rui Costa -, por intermédio do seu advogado, à porta do TCIC, onde aguardava para ser presente a primeiro interrogatório judicial, o que só acontecerá hoje.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), os quatro detidos são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.
Para esta investigação foram cumpridos cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
No entanto e nos últimos dias, têm sido revelados alguns detalhes sobre o esquema "ardiloso" elaborado pelos envolvidos. A TVI sabe que o gabinete de Miguel Moreira no Estádio da Luz foi alvo de buscas na quarta-feira e a sua caixa de correio eletrónico copiada para ser analisada no âmbito da investigação, a Operação Cartão Vermelho.
Miguel Moreira, administrador da SAD do Benfica, é visado na mesma investigação em que o presidente do clube foi detido, sabe a TVI, precisamente por alegado conluio com Luís Filipe Vieira num esquema que visava comprar, a baixo custo, a dívida que este tinha ao Novo Banco por via da sua empresa Imosteps. Procuraram "proveitos a que sabiam não ter direito", diz o procurador Rosário Teixeira.