Caso de Giovani: embaixador de Cabo Verde acredita no empenho das autoridades portuguesas - TVI

Caso de Giovani: embaixador de Cabo Verde acredita no empenho das autoridades portuguesas

  • AM
  • 16 jan 2020, 00:02

Embaixador esteve na cidade transmontana para contactos com a PSP, a direção do Instituto Politécnico de Bragança, representantes da comunidade estudantil cabo-verdiana naquela instituição de ensino superior e com outros jovens do grupo da vítima, que dizem ter sido agredidos na madrugada de 21 de dezembro

O embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Correia Monteiro, afirmou que acredita que as autoridades portuguesas “de facto estão empenhadas em esclarecer o mais rapidamente possível” a morte do jovem cabo-verdiano que estudava em Bragança.

O embaixador esteve na cidade transmontana para contactos com a PSP, a direção do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), representantes da comunidade estudantil cabo-verdiana naquela instituição de ensino superior e com outros jovens do grupo da vítima, que dizem ter sido agredidos na madrugada de 21 de dezembro.

O jovem Giovani Rodrigues, de 21 anos, foi o único que morreu do grupo de quatro cabo-verdianos que se queixa de ter sido agredido por outro grupo de jovens de Bragança. Giovani foi hospitalizado com um traumatismo na cabeça e acabou por morrer em 31 de dezembro.

O embaixador explicou que a visita desta quarta-feira a Bragança “enquadra-se um pouco nesta circunstância algo trágica” e para “conhecer um pouco mais do ambiente que se vive neste momento e disponibilizar todo o apoio possível da embaixada de Cabo Verde aos estudantes, aos que estão mais diretamente envolvidos, e à família do Giovani”.

“Encontrei nos estudantes cabo-verdianos uma elevada expectativa em relação a este caso e esperando que a justiça seja feita, que os responsáveis sejam levados à Justiça, mas um grau de confiança também muito elevado mais concretamente na instituição que é o Instituto Politécnico de Bragança, na sua direção, que tem dado inteiro apoio, e sentem-se aqui perfeitamente integrados neste ambiente estudantil”, afirmou.

Correia Monteiro teve também oportunidade de contactar a Polícia de Segurança Pública de Bragança e obter “as informações que são possíveis nestas circunstâncias devido ao segredo de justiça” e numa altura em que o caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ).

“Eu quero crer que as autoridades de facto estão empenhadas em esclarecer o mais rapidamente possível esta situação. Nós temos de ter, não há outro caminho que não seja de facto fé na Justiça, confiança que as coisas serão resolvidas, serão esclarecidas e que a Justiça tem o seu caminho próprio, os seus métodos próprios de investigação, que são semelhantes aos métodos que são utilizados em Cabo Verde”, salientou.

A expectativa de toda a comunidade é de que “os responsáveis por este ato grave serão levados à Justiça para bem de todos, para até uma certa serenidade, não só na parte da comunidade estudantil, mas também na parte da comunidade cabo-verdiana de uma forma geral”, considerou.

O embaixador esclareceu ainda que os apelos que têm chegado das mais altas instâncias de Cabo Verde não são mais do que “pedir que as autoridades façam tudo aquilo que é possível fazer, no quadro das suas competências, para que de facto a Justiça seja feita”.

“Todas as vozes têm dito que nós não podemos confundir um incidente que é grave e muito sentido pelos familiares, pelos amigos mais diretos e também pela comunidade estudantil em Bragança (…) com um panorama mais geral no sentido de fazer outras extrapolações e generalizar aquilo que não deve ser generalizado”, defendeu.

Para o embaixador de Cabo Verde em Lisboa, “trata-se de um incidente”, de algo que “não faz parte do percurso da população de Bragança nem do percurso desta comunidade”, e deve ser reduzido “à devida dimensão sem tirar a gravidade do ato em si”.

“Os responsáveis pelo ato devem ser levados à Justiça, mas deixando que a Justiça faça o seu próprio caminho”, reiterou.

O embaixador disse que compreende as palavras do pai de Giovani, que se queixou de falhas no processo, mas considerou que, “não obstante falhas que pudessem ter ocorrido”, a única alternativa é “fazer fé que a Justiça será realizada e que os responsáveis são levados a julgamento”.

“Às vezes falar com propriedade pressupõe conhecer o processo e nós, às vezes, estamos a lidar com informações que são mais ou menos soltas aqui e acolá. Temos de ter sempre algum cuidado na análise que nós fazemos. Se falhas de facto aconteceram não devem fazer perder toda a esperança e a confiança que nós temos que isto seja resolvido a bom termo”, acrescentou.

Questionado pelos jornalistas sobre a ausência de detenções ou suspeitos passadas três semanas, o diplomata lembrou que há homicídios em que “os agentes são apanhados logo imediatamente, às vezes no dia seguinte”, mas às vezes demora anos ou até “nunca são apanhados”.

“Eu creio, pelas informações que têm corrido que existem sinais que nos dão esperança de que isto possa ser resolvido a breve trecho, mas isso é a minha esperança, dos familiares, dos amigos, de uma forma geral da comunidade cabo-verdiano. Os sinais parecem indicar que, na verdade, o desfecho pode acontecer a muito breve trecho, mas certeza de facto não podemos ter”, declarou.

Depois de ter falado com os estudantes cabo-verdianos, Correia Monteiro ficou convencido de que o sucedido não abalará “de forma nenhuma” a relação com o Politécnico de Bragança e a vontade de se manterem a estudar a Bragança.

O embaixador falou igualmente com dois dos estudantes que dizem ter sido também agredidos, que estão a ter acompanhamento de um psicólogo e de um advogado do IPB.

“Não obstante o impacto e alguma mágoa e alguma revolta”, o embaixador notou da parte deles “uma grande esperança e uma grande confiança” também na Justiça, esperando que “a breve trecho isso possa ser completamente clarificado”.

Maribelle Brito, da Associação de Estudantes Cabo-verdianos, disse no final do encontro que a informação que a comunidade tem é de que os colegas terão sido agredidos por um grupo de jovens de Bragança que “costumam estar no bar e que sempre têm atos de vandalismo”.

Maribelle soube do caso um dia antes de Giovani morrer e indicou que “mesmo entre a comunidade cabo-verdiana não se soube do caso”, o que justifica por coincidir com as férias escolares.

Ainda assim, reconheceu que ela própria estranhou “porque quando acontece qualquer coisa que afete a comunidade” no dia seguinte sabe-se, o que não aconteceu desta vez.

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