Alcochete: jogadores do Sporting "imploraram pela vida" - TVI

Alcochete: jogadores do Sporting "imploraram pela vida"

  • AG-Atualizada às 17:31
  • 22 jan 2020, 16:03
Academia do Sporting em Alcochete

Monsanto recebeu a 21ª sessão do julgamento da invasão à academia leonina

O defesa Lumor relatou esta quarta-feira em tribunal que os jogadores “pediram desculpa” e “imploraram pela vida” durante o ataque à academia do Sporting, em Alcochete, mas que os invasores “não quiseram saber” e começaram logo a bater.

O lateral esquerdo ganês, que está emprestado pelo Sporting ao Maiorca, de Espanha, foi ouvido através de Skype na 21.ª sessão do julgamento da invasão à academia ‘leonina’, em 15 de maio de 2018, com 44 arguidos, incluindo o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.

O atleta, de 23 anos, que prestou depoimento em inglês, com recurso a um intérprete, contou que estava no balneário quando 15 a 20 pessoas entraram, de repente, no espaço e “começaram a bater nos jogadores todos”, acrescentando que o balneário ficou rapidamente cheio de fumo, após o lançamento de tochas.

Em resposta à procuradora do Ministério Público, Lumor disse que os jogadores, aquando da invasão, “pediram desculpa” e “imploraram pela vida”, mas salientou que os invasores “não quiseram saber”. Questionado posteriormente por Miguel Fonseca, advogado de Bruno de Carvalho, sobre que jogadores imploraram pela vida, o defesa referiu apenas o nome de William Carvalho.

O lateral esquerdo admitiu que ninguém lhe “bateu”, mas viu o médio Misic a ser agredido em várias partes do corpo com um cinto por um dos elementos. Lumor descreveu que os invasores “formaram uma barreira” à entrada no balneário, o qual “não era possível trancar”.

Após a invasão, a testemunha declarou ter visto o avançado holandês Bas Dost ferido na cabeça.

Lumor classificou de “normal” a relação que mantinha com o então presidente do clube, Bruno de Carvalho, acrescentando que, após estes incidentes, “nunca mais falaram”.

O defesa ficou com medo e receio depois do ataque à academia de Alcochete, assumindo que não conseguia sair à rua nem dormir bem. Lumor acrescentou ainda que “não consegue ver um filme de ação inteiro”, sobretudo as partes que envolvem cenas de violência.

O processo tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.

Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à academia, o Ministério Público imputa-lhes a coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Estes 41 arguidos vão responder ainda por dois crimes de dano com violência, por um crime de detenção de arma proibida agravado e por um crime de introdução em lugar vedado ao público.

Salin relata insultos e ferimentos

O antigo guarda-redes francês do Sporting Salin disse não ter visto agressões no interior do balneário durante o ataque à academia de Alcochete, mas relatou insultos e ferimentos em Jorge Jesus, Bas Dost e num fisioterapeuta.

Romain Salin, atualmente ao serviço do Rennes, de França, testemunhou por Skype na 21.ª sessão do julgamento da invasão à academia ‘leonina’, em 15 de maio de 2018, com 44 arguidos, incluindo o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.

Salin explicou, com recurso a um intérprete, que, entre 20 a 40 “encapuzados” entraram no balneário e que os primeiros se dirigiram aos então capitães Rui Patrício e William Carvalho, assumindo não ter presenciado agressões físicas, pois “foi tudo muito rápido, havia fumo, gritos e barulho”.

O balneário estava completamente cheio de gente e com fumo por todo o lado”, descreveu o guarda-redes, que referiu ainda ter ouvido insultos e visto “um garrafão de 15 litros de água a voar”.

A testemunha relatou que tentou colocar-se entre os invasores e os dois colegas de equipa, mas que só conseguiu travar um dos elementos, o qual viria a “acalmar-se” depois de conversarem.

Após o ataque, afirmou ter visto três pessoas com ferimentos: o avançado holandês Bas Dost “com uma cicatriz na cabeça”, o treinador Jorge Jesus, “que sangrava do nariz”, e um dos fisioterapeutas, que tinha “um hematoma” na face.

Salin revelou que após o ataque “teve uma branca” e que fez “por esquecer muita coisa, pois a vida continua”.

O guarda-redes admitiu que não sentiu “verdadeiro medo” durante a invasão à academia, mas tal viria a acontecer posteriormente, sobretudo antes e durante os jogos, “com receio e pressão de não agarrar a bola”.

Questionado sobre se alguma vez disse que não queria falar com o então presidente Bruno de Carvalho, logo após o ataque, Salin respondeu que "não disse nada disso”.

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