Polícia lusodescendente no Luxemburgo é cidadão europeu do ano - TVI

Polícia lusodescendente no Luxemburgo é cidadão europeu do ano

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  • 29 out 2017, 10:14
Parlamento Europeu

Davide Sousa vai receber prémio atribuído anualmente pelo Parlamento Europeu por ter "revelado um esquema de fraude social de dimensões europeias", no decorrer de uma investigação

Um agente da Polícia do Luxemburgo de origem portuguesa, Davide Sousa, vai receber o prémio de cidadão do ano naquele país, atribuído anualmente pelo Parlamento Europeu.

A atribuição do prémio foi proposta pelo eurodeputado luxemburguês Claude Turmes e visa recompensar o agente da Polícia grã-ducal pelo serviço prestado em missões europeias na Bósnia, Geórgia e Itália, e também pela sua contribuição no "combate à fraude social", segundo o comunicado do Parlamento Europeu.

De acordo com a nota, Davide Sousa "revelou um esquema de fraude social de dimensões europeias", no decorrer de uma investigação.

Em causa estavam pessoas a residir noutros Estados-membros que "utilizavam moradas fictícias no Luxemburgo" para obter subsídios e apoios sociais naquele país.

Graças à iniciativa do agente da Policia luxemburguesa, "que fez diligências para além do âmbito do seu trabalho", o Estado luxemburguês recuperou "somas substanciais", pode ler-se no comunicado.

À Lusa, o lusodescendente recusou falar sobre o caso, alegando que o inquérito ainda não está concluído, mas disse que os contactos que fez nas missões europeias o ajudaram "na investigação no Luxemburgo".

Davide Sousa, de 41 anos, nasceu em Differdange, no Luxemburgo, filho de imigrantes portugueses naturais de Bustelo, em Chaves, onde o avô foi guarda fiscal. Naturalizou-se quando entrou para a Polícia, numa altura em que a lei não permitia ainda a dupla nacionalidade.

"Tive de abdicar da nacionalidade portuguesa e fazer a tropa", recordou, frisando que continua a ter "uma paixão por Portugal", onde todos os anos passa férias.

"Eu sinto-me sempre dos dois lados. Fiz cá os estudos, fiz a escola portuguesa e hoje agradeço, porque quando participo em missões europeias posso comunicar com colegas portugueses", contou à Lusa, defendendo ainda que "faz falta na Polícia [do Luxemburgo] quem fale português."

"A população portuguesa é enorme cá no Luxemburgo e quando chega uma pessoa à esquadra que só fala português, recorrem a mim", afirmou. "Com as vítimas, posso usar o português e ajudar a pessoa".

O prémio de cidadão europeu é atribuído desde 2008 pelo Parlamento Europeu, tendo como objetivo "recompensar atividades excecionais desempenhadas por cidadãos, grupos, associações ou organizações" que promovam o reforço dos valores consagrados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia.

 

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