"O Estado falhou às populações. O país inteiro falhou. Nós falhámos" - TVI

"O Estado falhou às populações. O país inteiro falhou. Nós falhámos"

  • JFP
  • 22 jul 2019, 11:58

Acusação é do vice-presidente da Câmara de Vila de Rei

O vice-presidente da Câmara de Vila de Rei, Paulo César, disse hoje que este concelho "está farto" de enfrentar chamas ano após ano e garantiu que o "Estado voltou a falhar" na prevenção do incêndio deste fim de semana.

O concelho está farto, como diz o nosso presidente da Câmara [Ricardo Aires]. Está farto destes sucessivos incêndios com origem criminosa e está farto de ver o Estado voltar a falhar às populações", referiu, em declarações à agência Lusa.

O incêndio que deflagrou no sábado em Vila Rei e que alastrou ao concelho vizinho de Mação está dominado em 90%, depois de uma noite de muito trabalho de várias centenas de operacionais e de meios de combate, acompanhados por habitantes que tentaram salvar as suas habitações.

Paulo César agradeceu e reconheceu o trabalho dos bombeiros e de outros voluntários que combatem as chamas, mas não escondeu a revolta com a situação.

O autarca denunciou que foram encontrados artefactos explosivos que podem estar na origem das chamas e considerou suspeito que tenham deflagrado praticamente ao mesmo tempo diversas frentes de incêndio em Vila do Rei e Sertã.

O Estado falhou às populações. O país inteiro falhou. Nós falhámos", referiu o autarca, que considerou que é preciso atuar com mais eficiência na prevenção dos incêndios e castigar exemplarmente os incendiários.

Paulo César destacou ainda a necessidade de reforçar os meios de combate no terreno e explicou que a existência de muitas frentes de fogo deixou desprotegidas as populações "de 30 ou 40 aldeias" de Vila de Rei e concelhos vizinhos.

O autarca referiu que ainda estão a ser apurados os prejuízos no seu concelho e lembrou que o fogo ainda não foi considerado extinto.

O incêndio de Vila de Rei e Mação é o único que continua por controlar e tem mobilizado várias centenas de operacionais e de meios de combate.

Um civil ficou ferido com gravidade neste incêndio e está internado no hospital de São José, em Lisboa. Há ainda nove feridos ligeiros e mais de duas dezenas de pessoas foram assistidas no terreno pelas equipas do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

As chamas também já atingiram habitações, num número ainda não quantificado pelas autoridades, depois de durante a tarde de domingo as chamas terem ameaçado dezenas de aldeias, segundo autarcas.

UE reitera estar preparada para aumentar assistência

A Comissão Europeia reiterou que está preparada para aumentar a sua assistência a Portugal, caso as autoridades nacionais solicitem o reforço da ajuda para combater os incêndios que assolam o país.

A Comissão está a seguir atentamente a situação dos incêndios florestais em Castelo Branco. Os nossos pensamentos estão com todos os afetados e com os bombeiros que estão a trabalhar em condições muito difíceis”, declarou a porta-voz adjunta do executivo comunitário.

Natasha Bertaud, que falava na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia em Bruxelas, detalhou que o comissário europeu para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Christos Stylianides, está em contacto com as autoridades portuguesas e já falou com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, transmitindo-lhe que “a União Europeia está preparada para reforçar a assistência [a Portugal], se necessário e solicitado".

A porta-voz indicou ainda que, a pedido de Portugal, a UE ativou o sistema de emergência de navegação por satélite Copernicus para produzir mapas das zonas afetadas pelos incêndios que deflagraram no sábado no distrito de Castelo Branco e que alastraram ao concelho de Mação, distrito de Santarém.

No domingo, Stylianides já tinha manifestado a disponibilidade da Comissão Europeia numa publicação no Twitter.

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