Prejuízos no Funchal estimados em 55 milhões de euros - TVI

Prejuízos no Funchal estimados em 55 milhões de euros

Estimativa feita pelo presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, esta quinta-feira. O autarca falava em conferência de imprensa para fazer um balanço à situação dos incêndios no Funchal, que consumiram uma área superior a 500 hectares

O presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, estimou esta quinta-feira em 55 milhões de euros os prejuízos materiais provocados em bens privados e públicos no concelho pelos incêndios que deflagraram na segunda-feira.

O autarca falava na conferência de imprensa para fazer um balanço à situação dos incêndios no Funchal, que consumiram uma área superior a 500 hectares, mencionando que vai apresentar este primeiro levantamento de danos materiais na reunião que terá com o primeiro-ministro, António Costa.

Segundo o responsável, neste primeiro levantamento feito em conjunto com as juntas de freguesia existem 208 edifícios públicos e privados afetados pelos fogos no Funchal.

“Ainda não está apurada uma freguesia, São Gonçalo, onde ainda há uma frente ativa, São João Latrão”, referiu, apontando que a primeira estimativa de custos foi feita por georreferenciação.

“Calculamos que são 32 milhões de euros para a recuperação dos edifícios [privados] afetados”, disse Paulo Cafôfo, acrescentando que também se registam estragos em equipamentos e bens do município, como rede de água, estradas, escarpas, Parque Ecológico do Funchal e equipamentos dos bombeiros, avaliados em 23 milhões de euros.

Paulo Cafôfo destacou que situações extraordinárias exigem “soluções extraordinárias”, pelo que vai pedir ajuda a António Costa em relação à totalidade do valor dos danos.

“E vamos com certeza pedir ajuda ao Governo da República, mas também à União Europeia. Todas as fontes de financiamento e verbas que possam ser canalizadas para a recuperação e para a normalização da vida das pessoas, vamos exigi-las e requerê-las”, declarou.

O autarca defendeu que esta ajuda deve ser canalizada “o mais rápido possível”, pelo que vai exigir que “haja celeridade e que não se percam nos gabinetes, na burocracia, porque a vida tem de continuar”.

Paulo Cafôfo salientou que a situação financeira do município do Funchal “é difícil”, pelo que não pode acudir a todas as necessidades decorrentes desta tragédia.

Três pessoas morreram na terça-feira, no Funchal, na sequência dos incêndios que deflagraram no concelho na segunda-feira. As freguesias mais afetadas foram Santa Luzia e o Monte.

O fogo provocou ainda cerca de mil desalojados, entre residentes e turistas, e muitas casas e um hotel foram destruídos pelo fogo.

Cerca de 260 pessoas em centros de acolhimento 

Cerca de 260 pessoas desalojadas após os incêndios permanecem nos centros de acolhimento do Funchal, segundo informou Paulo Cafôfo. Estão alojadas no Regimento de Guarnição n.º3 (quartel) e em várias instituições em São Martinho.

O autarca salientou que algumas destas pessoas poderão regressar às suas habitações depois de efetuadas as vistorias para aferir a segurança, mas sublinhou que terão de ser encontradas soluções para os moradores de casas que ficaram totalmente danificadas.

O responsável salientou que a solução tem de ser encontrada em conjunto com o Governo Regional da Madeira, podendo passar pelo mercado de arrendamento e pelo parque habitacional social, que neste momento não tem muita capacidade de resposta.

“Não me posso comprometer com prazo de regularização e normalização. Não temos capacidade total para satisfazer em termos financeiros. Espero depois da reunião com o primeiro-ministro [hoje, na sequência da visita que António Costa efetua à ilha] ter mais alguma resposta.”

Madeira recebe ajuda de 500 mil euros do Santander Totta

O presidente do Governo Regional da Madeira anunciou que o Banco Santander Totta vai atribuir à região autónoma um apoio de 500 mil euros para a reconstrução das áreas danificadas pelos incêndios.

"Ainda há pouco minutos, recebi um telefonema do senhor presidente do Banco Santander Totta, que deliberou atribuir ao Governo da Madeira, para a reconstrução e o apoio social, meio milhão de euros", disse Miguel Albuquerque, na sequência de uma visita às instalações da delegação regional da Cruz Vermelha, cerca das 13:00.

O governante explicou que parte da verba vai ser aplicada imediatamente numa conta do Instituto de Habitação da Madeira e sublinhou que o realojamento das vítimas vai iniciar-se já esta tarde. "Já estamos numa fase de reconstrução", salientou Miguel Albuquerque.

O realojamento vai começar pelos idosos e famílias numerosas e será, nesta fase, de carácter provisório, em fogos disponibilizados pelo Ministério da Justiça para situações de emergência.

Situação está mais calma, mas preocupação mantém-se

A situação na ilha está esta quinta-feira muito mais calma, em comparação como o terror vivido nos últimos dias. Ainda assim, há um sentimento de preocupação, como testemunharam os repórteres da TVI que se encontram no local.

Os bombeiros continuavam às 13:00 a combater focos de incêndio: um na zona de São João Latrão, na freguesia de São Gonçalo, e outro no Parque Ecológico. Estavam no terreno mais de 40 operacionais.

O autarca salientou que estes são fogos de “menor intensidade” porque as condições climatéricas (vento e temperatura) são mais favoráveis. A dificuldade de acessos tem sido o maior problema no combate às chamas.

No incêndio em São João Latrão, uma zona de escarpa, os operacionais recorreram a máquinas pesadas para limitar a transposição do fogo para as zonas circundantes. 

Sobre o Parque Ecológico do Funchal, o autarca indicou que “cerca de 50% já foi consumido pelas chamas”.

Na Calheta, há também um incêndio que continua ativo.

As equipas estão em vigilância permanente em diferentes zonas, devido à possibilidade de reacendimentos e para evitar que sejam afetadas outras localidade, como as serras de Santo António, fustigadas nos fogos em 2013.

O presidente do município desvalorizou as críticas sobre a atuação das forças envolvidas no combate aos incêndios, assegurando que seria ““impossível ou muito difícil fazer melhor com os meios existente e o cansaço latente em todas as corporações”.

O município cancelou os licenciamentos para as mais de 100 barracas de comes e bebes das Festas do Monte, o maior arraial da região, na zona alta do concelho.

Apenas a vertente religiosa destas festas vai continuar, tendo o seu ponto alto na segunda-feira.

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