Anadia: tribunal quer saber o que foi feito ao telemóvel - TVI

Anadia: tribunal quer saber o que foi feito ao telemóvel

Justiça

De acordo com a peritagem, foram apagados dois ficheiros

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Os dois GNR que recolheram o telemóvel com imagens do homicídio do advogado Cláudio Mendes, a 5 de fevereiro de 2011, disseram esta quarta-feira em Tribunal que o aparelho não foi manipulado até à entrega à Polícia Judiciária.

No Tribunal de Anadia, onde António Ferreira da Silva, pai de uma juíza, está a ser julgado por ter abatido a tiro o advogado, quando este visitava a filha, foram ouvidos como testemunhas, entre outros, os agentes da GNR Marco Paulo e David Gonçalves.

Os dois elementos da GNR foram chamados ao local após o homicídio, e foram coincidentes nas respostas sobre em que mãos esteve o telemóvel que continha as filmagens da cena do crime: permaneceu no carro-patrulha até ser entregue à PJ.

A questão do telemóvel tem sido exaustivamente analisada no julgamento. De acordo com a peritagem feita ao aparelho, foram apagados dois ficheiros, e o consultor técnico da defesa deixou em aberto a hipótese de as imagens terem sido manipuladas.

«O telemóvel ficou em nosso poder. A nossa preocupação foi reter o telemóvel, que foi colocado no carro-patrulha e depois entregue à PJ. Não me lembro de alguém ter visto o vídeo no momento», depôs o agente Marco Paulo.

David Gonçalves, também da GNR, confirmou que o telemóvel ficou no interior da viatura policial, até à chegada dos elementos da Polícia Judiciária, mas admitiu que lhe foram mostradas parcialmente as imagens pela pessoa que filmou.

«Não vi as imagens do telemóvel ao pormenor porque sabia que aquele crime não era da nossa competência», disse.

Entregue o telemóvel à PJ, este foi devolvido à sua proprietária após recolha das informações tidas como relevantes para a investigação. No entanto, voltou a ser solicitada a sua entrega às autoridades, o que foi feito através de um irmão da vítima, também ouvido esta quarta-feira como testemunha.

Fonte policial disse à Lusa que o conteúdo a que as autoridades tiveram acesso é o que está nos autos. Quanto à entrega inicial do telemóvel pela proprietária, explicou que foi feita por acordo desta e que o aparelho lhe foi devolvido, já que a Polícia não pode apreender, sem razão, objetos pessoais de qualquer cidadão. Veio depois a solicitar a sua entrega por o Ministério Público decidir que devia fazer parte do processo.

Celso Rio Mendes, engenheiro eletrotécnico e irmão da vítima, a quem Liliana, que filmou a cena do crime, entregou o telemóvel para o fazer chegar pela segunda vez à polícia, foi também questionado várias vezes sobre o assunto.

«Recebi duas ou três chamadas da PJ, como não conseguiram contactar a Liliana, porque era necessário devolver o telemóvel. Estive com a Liliana no velório e entreguei o telemóvel no dia do funeral, terça-feira, por volta das 10 horas», relatou.

À pergunta do procurador sobre o que fez com o telemóvel durante o tempo que o teve na sua posse, respondeu não ter feito qualquer tipo de operação, garantindo igualmente ao advogado de defesa, Celso Cruzeiro, não ter «mexido» no telemóvel e só ter sabido o código PIN quando o entregou à Polícia Judiciária.
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