Apoiantes do PNR tentam atirar ovos contra Jean Wyllys em Coimbra - TVI

Apoiantes do PNR tentam atirar ovos contra Jean Wyllys em Coimbra

  • CE
  • 26 fev 2019, 19:06

Deputado federal do Brasil esteve, esta terça-feira, numa conferência na Faculdade de Economia, em Coimbra, que ficou marcada por manifestações de um grupo de apoiantes do PNR e um outro grupo antifascista que protestavam por em lados opostos

Dois homens, apoiantes do Partido Nacional Renovador (PNR) tentaram atirar ovos contra o político e ativista brasileiro Jean Wyllys, durante a conferência realizada esta tarde na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC).

Um dos homens, que estava sentado no topo do auditório da FEUC, saiu do seu lugar, desceu alguns degraus e tentou atirar ovos contra Jean Wyllys, que já proferia a sua conferência.

Depois de atirar um primeiro povo, que não atingiu o político brasileiro, seguranças conseguiram segurar e remover o homem do auditório, que tinha uma caixa de meia dúzia de ovos.

De seguida, outro homem levantou-se, ainda tentou tirar um ovo, mas foi logo imobilizado pela segurança do evento.

Enquanto eram retirados, as pessoas gritavam "tira, tira", para os dois homens saírem.

Não peçam para tirar. Nunca tive medo dos covardes", frisou Jean Wyllys, que pediu palmas para o segurança que o protegeu no ataque.

 

Qualquer fascista covarde, que se queira manifestar, em vez de atirar ovos ou tiros, por favor, vamos aos argumentos. Levantem-se, manifestem-se, falemos", frisou o ativista brasileiro, salientando que as pessoas que lhe tentaram atirar ovos "são compostas por esse ódio que não permite a diversidade".

Antifascistas "abafam" manifestação do PNR

Mais de duas centenas de manifestantes antifascistas "abafaram", esta terça-feira, o protesto do partido de extrema-direita PNR contra a presença do político e ativista brasileiro Jean Wyllys em Coimbra.

Do lado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), mais de duas centenas de manifestantes entoavam canções de protesto contra o fascismo e envergavam cartazes contra a extrema-direita.

Do outro lado da estrada, uma dúzia de pessoas participavam no protesto promovido pelo PNR (Partido Nacional Renovador) que, mesmo com recurso a megafone, viam as suas palavras de protesto suplatandas pelos cânticos ouvidos do outro lado.

Fascistas! Racistas! Não passarão", cantavam os jovens, num protesto onde se viam bandeiras do Bloco de Esquerda e do MAS (Movimento Alternativa Socialista).

Na manifestação de solidariedade a Jean Wyllys, encontravam-se tarjas, onde se podia ler "Não abrimos mão de quem somos", "Trazemos um mundo novo nos nossos corações", "Fascismo nunca mais", bem como "Marielle Presente" (referência à ativista e política brasileira Marielle Franco, assassinada em 2018, no Brasil) e "#Lula Livre".

Na manifestação contra a vinda do ativista brasileiro, via-se uma bandeira de Portugal e outra do PNR, bem como um cartaz onde se lia "Com a direita nacional, a esquerda não faz farinha" e outro onde estava escrito "Chega de marxismo cultural".

Quando os protestantes do PNR tentavam intervir, com recurso a megafone, ouviam-se palavras de ordem do outro lado, como "Povos unidos, jamais serão vencidos", ou apupos, a que se juntavam também estudantes que assistiam aos protestos a partir das varandas dos prédios junto à Avenida Dias da Silva, onde se situa a Faculdade de Economia.

Durante um breve momento, surgiram alguns desacatos, em que um dos manifestantes antifascistas chegou perto do grupo do PNR e atirou purpurina vermelha e azul contra o rosto de Vitor Ramalho, candidato por aquele partido de extrema direita à Câmara de Coimbra, nas últimas autárquicas.

Num dos poucos momentos de algum silêncio do lado dos manifestantes solidários com Jean Wyllys, pôde-se ouvir, do lado da manifestação do PNR, protestos como "Vocês não são portugueses" e "Portugal não é um albergue para criminosos".

O deputado federal do Rio de Janeiro Jean Wyllys anunciou, em 24 de janeiro, ia desistir do novo mandato e deixar o Brasil após receber ameaças de morte, situação que se arrasta desde o homicídio da vereadora Marielle Franco.

Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que o façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração", escreveu então Jean Wyllys, deputado do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), na rede social Twitter.

 

Segundo a imprensa brasileira, desde o homicídio da vereadora do PSOL Marielle Franco, em março do ano passado, que Wyllys tem vivido sob escolta policial, tendo recebido com frequência ameaças de morte. Marielle Franco, vereadora e defensora dos direitos humanos, foi assassinada na noite de 14 de março de 2018, quando viajava de carro pelo centro do Rio de Janeiro, depois de participar num ato político com mulheres negras.

Wyllys tornou-se, de acordo com a imprensa brasileira, no primeiro deputado parlamentar assumidamente gay a apoiar assuntos relacionados com a comunidade LGBT (sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros) no Congresso Nacional brasileiro.

A assessoria de Jean Wyllys afirmou à plataforma de notícias G1 que há uma campanha "muito pesada" contra o deputado, que dissemina conteúdo falso sobre ele na internet, associando-o, a casos de pedofilia, ao casamento de adultos com crianças e à mudança de sexo em casos infantis.

Em 8 de fevereiro, Assembleia da República aprovou um voto de condenação às “ameaças à integridade física de titulares de cargos políticos e ativistas dos diretos humanos no Brasil”, numa votação que motivou sentidos de voto diferentes dentro das bancadas.

O voto, apresentado por André Silva, deputado único do PAN, e pelo deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira, foi aprovado com os votos favoráveis dos proponentes, do PS, do BE, do PCP, do PEV e dos deputados centristas Ana Rita Bessa, Assunção Cristas e João Almeida.

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