Ainda faltava meia hora e já várias centenas de pessoas estavam concentradas na Praça de Espanha, em Lisboa. Esperavam a manifestação cultura, que se associa ao apelo «Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas!».
No local, onde a 15 de setembro decorreu a que terá sido uma das maiores manifestações dos últimos anos, está montada uma estrutura que inclui um palco, um sistema de som e barracas de comes e bebes.
Entre as pessoas que aguardavam o início da manifestação estava Luís Santos, técnico de som do Centro Cultural de Belém, com quem a agência Lusa esteve à conversa. Disse que no meio da Cultura «só se sente é crise, menos dinheiro, menos cachets e menos espetáculos».
«Vim solidarizar-me como todos os músicos e técnicos porque a nível artístico está toda a gente apertada. A política deste Governo só se pode agravar. Mexe na Educação, mexe na Cultura, fica tudo pior e não sei o que se pretende para as próximas gerações», lamentou.
Luis Santos destacou que a manifestação deste sábado, que se pretende que dure até à meia-noite, tem «uma proporção diferente» da manifestação de há um mês.
Porém, o técnico manifestou-se confiante que ainda chegará mais gente ao local «para mostrar a Passos Coelho que ele não tem de se preocupar só com a geração rasca ou com os indignados».
«Estamos todos no mesmo barco», admitiu Luís Santos, salientando ainda que a organização técnica e artística do espetáculo é feita de forma solidária, sem que ninguém receba dinheiro pelo seu trabalho.
O palco está montado junto ao início da avenida de Berna e as pessoas estão concentradas quer ali, quer no espaço relvado onde está colocado o monumento ao 25/abril.
O trânsito está cortado parcialmente, havendo circulação para o lado poente, em direção a Alcântara/Ponte 25 de Abril.
Junto à residência do embaixador de Espanha foram colocadas grades.
Por acreditar que o «humor é uma arma terrível», José Duarte trouxe um cartaz onde avisa: «Passos, o teu Governo vai caber num carro funerário e Portas, o teu partido vai caber num riquexó», descreve a Lusa.
No cartaz, José Duarte usou a sua experiência de cartoonista, que antes do 25 de Abril levou a «PIDE lá a casa» e disse à agência Lusa que por estes dias voltou às manifestações depois de muitos anos «só a observar».
«Desta vez é demasiado. Primeiro tiraram-me o subsídio de férias e depois tenho sofrido um conjunto de atitudes «que são demais», indicou, referindo que o protesto deste sábado será especialmente interessante por juntar à indignação a música, que vai testemunhar com a mulher Marília, escreve a Lusa.
A manifestação em Lisboa conta, por exemplo, com Dead Combo, Camané, Diabo na Cruz, Deolinda, Vitorino e Coro Acordai, mas o protesto decorre em mais de 20 cidades, como Porto, Coimbra, Faro, Braga, Santarém, Évora e Caldas da Rainha.
Veja aqui os vídeos das várias manifestações
Praça de Espanha: um palco de protesto
- Redação
- CF
- 13 out 2012, 17:21
Muitos artistas e muitos indignados com esta política
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