Coletes Amarelos: quem são e o que pretendem? - TVI

Coletes Amarelos: quem são e o que pretendem?

  • Sofia Santana
  • 21 dez 2018, 06:00
Protesto dos coletes amarelos em Paris

Querem parar o país esta sexta-feira para que sejam ouvidos por quem governa. Inspiraram-se no movimento francês gillets jaunes, mas dizem que, ao contrário do que aconteceu em Paris, não querem trazer violência para as ruas

Querem parar o país esta sexta-feira para que sejam ouvidos por quem governa. Inspiraram-se no movimento francês gillets jaunes, mas dizem que, ao contrário do que aconteceu em Paris, não querem trazer violência para as ruas. O Movimento de Coletes Amarelos Portugal (MCAP) diz que quer dar voz ao descontentamento que considera existir na sociedade portuguesa, através de protestos pacíficos em várias cidades.

Num manifesto divulgado no Facebook, o grupo descreve-se como um “movimento pacífico apartidário, sem fins lucrativos", que quer dar voz aos que estão “insatisfeitos com os variados problemas da atualidade”.

Por isso, nesse documento, os Coletes Amarelos apresentam uma série de reivindicações.

Pretendem desde logo o “aumento imediato do Salário Mínimo Nacional” e a redução de impostos, a saber, a redução do IVA /IRC para as micro e pequenas empresas, a redução de impostos na eletricidade, com incidência nas taxas de audiovisual e emissão de dióxido de carbono, o fim do imposto sobre produtos petrolíferos e a redução para metade do IVA sobre combustíveis.

Pedem também a revisão dos valores do subsídio de desemprego e do rendimento de reinserção, a diminuição das disparidades nas pensões de reforma e o fim das reformas milionárias.

No documento, elencam ainda uma série de medidas que dizem servir o combate à corrupção como a ”averiguação e comunicação às populações dos gastos de toda a classe política portuguesa”, “a redução do número de ministros e secretários de Estado” e “o fim das subvenções vitalícias para políticos”.  

A lista de reivindicações termina com a reforma do Serviço Nacional de Saúde, a revitalização dos setores primário e secundário e o direito à habitação e fim da crise imobiliária.

A porta-voz do movimento, Ana Vieira, explicou, em declarações à Lusa, que o objetivo dos protestos é fazer com que os cidadãos portugueses sejam ouvidos pelos governantes.

Queremos juntar todas as vozes portuguesas. O que nós pretendemos com a nossa página é juntar o máximo de pessoas possível, para que todas tenham a sua voz. Amplificar o descontentamento da população que é real”, vincou.

Mas se em Paris as manifestações dos coletes amarelos ficaram marcadas por confrontos violentos, centenas de feridos e detenções, cá os organizadores pretendem que tudo corra de forma pacífica. 

As nossas intenções é que tudo corra pacificamente e harmoniosamente. Vamos fazer de tudo para preservar essa intenção”, sublinhou Ana Vieira.

Os apelos aos protestos em Portugal começaram a ser feitos por cidadãos anónimos da zona Oeste nas redes sociais, principalmente no Facebook, há cerca de três semanas. Depressa as iniciativas estenderam-se a vários pontos, de Norte a Sul do país.

A Polícia de Segurança Pública divulgou uma lista de 25 protestos que estão previstos para 17 cidades do país esta sexta-feira e deixou uma série de recomendações.

No comunicado enviado às redações, a PSP avisa que nestes locais podem ocorrer "alguns constrangimentos na circulação automóvel" e, por isso, recomenda que os cidadãos "utilizem os transportes públicos"verifiquem "se o itinerário não se encontra com a circulação condicionada"prefiram caminhos "que não impliquem a passagem pelos locais referenciados" e conduzam "com prudência".

A força de segurança pede aos manifestantes que "respeitem os princípios previstos na legislação em vigor que enquadra o direito de reunião e manifestação", que "respeitem as instruções e ordens da PSP", que "tenham em consideração os normativos em vigor que proíbem bloqueios de vias rodoviárias". Diz ainda que "os promotores das manifestações ou reuniões devem manter o contacto permanente com a PSP, de forma a garantir a realização dos protestos em segurança".

Na terça-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou que "a situação em Portugal é diferente da situação em França".

Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, mostrou-se tranquilo quanto às manifestações, afirmando esperar que decorram com “respeito pela legalidade”.

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